quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Acordo sobre as florestas no clima pode avançar

CIMEIRA

por FILOMENA NAVESHoje


Em Cancún, as negociações já se iniciaram. Uma das maiores dificuldades tem a ver com a possibilidade de prolongamento de Quioto, que agradaria à União Europeia.

Os representantes dos 192 países que esta semana iniciaram em Cancún a cimeira do clima, sob a égide das Nações Unidas, começaram ontem a partir pedra nas reuniões técnicas que antecedem a conferência dos decisores políticos, a partir de dia 7 de Dezembro. Apesar de parecer afastada a possibilidade de um acordo global para suceder ao Protocolo de Quioto, em cima da mesa desta Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP16), estão alguns dossiês que poderão dar frutos.
Entre ele estão a luta contra a desflorestação, a possibilidade - e os moldes - de prolongamento do protocolo de Quioto, até que um novo acordo global seja definido, ou ainda a ajuda aos países em desenvolvimento para se adaptarem aos impactos das alterações climáticas.
Na abertura dos trabalhos, na segunda-feira, a nova responsável da ONU para o clima, Christiana Figueres, apelou a um compromisso nesta cimeira. E fora do recinto onde decorrem as negociações, na famosa estância balnear do México, milhares de activistas do ambiente exigem o mesmo.
Uma das questões que parece mais perto de chegar a bom termo é o processo de atribuição de compensações financeiras aos países que reduzam as actividades de desflorestação ou de degradação das suas florestas. Outro tema em discussão que pode ser levado a bom porto é o do Fundo Verde, que deverá receber uma parte dos cem mil milhões de dólares prometidos aos países pobres, na cimeira de Copenhaga, e com execução até 2020.
Mas há outras questões que prometem levar maiores dificuldades e morosidade às negociações. Uma delas tem a ver com o mecanismo de verificação do trabalho de casa de cada um dos países para a redução das suas emissões atmosféricas. Um dos grandes reticentes a abrir portas a um controlo externo é a China, que já ultrapassou os Estados Unidos nessa matéria. Quanto a este último, uma das condições para os seus próprios esforços de redução dos gases com efeito de estufa, tem exactamente a ver com a sua diminuição por parte da China, o que significa que deverá haverá intensos contactos bilaterais nos próximos dias.
O assunto mais delicado em Cancún deverá ser mesmo a possibilidade de prolongamento das metas de Quioto (cujo prazo de validade termina em 2012), de forma a manter os esforços de redução das emissões até que um novo acordo global seja aprovado. Esta é de resto a visão da União Europeia, na qual se inclui Portugal, que já fez saber estar disposta a considerar um prolongamento do protocolo. Visão idêntica têm os ambientalistas portugueses da Quercus, que também estarão na cimeira como observadores.

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