sábado, 25 de dezembro de 2010

Mais 30% de azeite nos olivais do Norte

00h28m
EDUARDO PINTO

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro vai ter este ano mais 30% de
azeite do que no anterior, num total de 90 milhões de quilos. Mas não
há muitos motivos para sorrir, pois os custos de produção aumentaram e
o preço de venda mantém-se.

Apesar de muita gente não ter trabalhado ontem, não foram poucos os
agricultores que aproveitaram a manhã de Sol da véspera de Natal para
varejar mais umas oliveiras. É que estamos no fim de Dezembro e a
colheita vai a pouco mais de meio. Em alguns sítios até está atrasada.
Sem gostar de fazer balanços a meio do jogo, o presidente da
Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD),
António Branco, arrisca avançar que, se não houver alterações
climatéricas anormais, "vai ser um bom ano de azeite em quantidade e
qualidade". A explicação tem a ver com as condições meteorológicas
registadas ao longo do ano. "Não foi excessivamente seco, a Primavera
foi boa para a floração e não houve chuva e geada em demasia durante a
primeira fase da apanha".
Um lagar onde essa qualidade está a ser comprovada é o da Cooperativa
Agrícola de Carrazeda de Ansiães. Joaquim Alves está a dirigir a
campanha e diz já ter motivos para considerar o ano "excelente". A
lista de espera de agricultores que querem laborar o azeite já
ultrapassa meados de Janeiro.
António Branco esclarece, no entanto, que "este é um ano considerado
normal, e não excepcional, tendo em conta a capacidade de produção. O
anterior é que registou uma quebra".
Recorda que devido às fortes geadas registadas em 2007 muitas
oliveiras morreram e outras tiverem de ser sujeitas a podas violentas.
Daí que perspective um maior acréscimo de azeite para os próximos
anos, não só porque as árvores afectadas estão a recuperar, mas porque
também tem havido novas plantações.
O presidente da AOTAD ressalva também que a qualidade do azeite deste
ano não é homogénea. "É preciso separar o que foi colhido até às
primeiras geadas e o que está a ser colhido agora, que não será tão
bom". E isso vai notar-se no escoamento, sendo que o primeiro "não
está a ter dificuldades", enquanto o que for colhido mais tarde
"deverá enfrentar algumas".
Entre os pequenos agricultores, a falta de motivação para continuar
com a cultura do olival é crescente. Muitos ainda guardam azeite do
ano passado e não têm grandes perspectivas de escoamento para este.
Mais: quem tiver de pagar mão-de-obra para a colheita não ganha para a
despesa. "Aumentou o gasóleo, os adubos, o pessoal, mas o preço do
azeite não aumenta", refere António Branco. Parte da culpa é atirada
para a "bolsa" espanhola que acaba por indexar o preço do azeite
português. "Apostar na qualidade é a única possibilidade de vender
melhor".
Actualmente, a região possui cerca de 80 mil hectares de olival. Há
capacidade para plantar mais e incrementar os ganhos de produtividade
ao nível do adensamento e da melhoria das práticas de produção. É o
caso do regadio, que a AOTAD defende em algumas zonas da região.
Já para o Alentejo, onde a área de olival mais está a crescer, as
previsões do Instituto Nacional de Estatística apontam para uma
"ligeira quebra" na produtividade da azeitona.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1742387

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