sábado, 22 de janeiro de 2011

As revoltas do pão

Os portugueses já sentem no bolso a subida assustadora de algumas
matérias-primas essenciais. A alta do petróleo traduziu-se numa subida
superior a 20% do gasóleo em 12 meses.
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Por:Armando Esteves Pereira, Director-Adjunto

O preço do trigo bate recordes, a farinha está cada vez mais cara e o
custo do pão mais inflacionado. Se por cá a pressão representa só mais
um aperto do cinto do magro orçamento das famílias, em várias regiões
do mundo é uma questão de vida ou morte e cria revoltas.

Os recentes protestos em Moçambique são um sinal do desespero de
milhões de pessoas. A actual revolução na Tunísia teve por fermento a
subida do pão e o vírus de Tunes ameaça outros países árabes que não
têm o conforto do petróleo. A subida de preços não parece ser pontual
ou resultado de pressões de especuladores.
O dinamismo chinês e a emergência da Índia sustentam a tendência. No
caso dos bens alimentares, além do crescente consumo chinês há outro
factor importante: a subida do petróleo torna mais atractivo o
investimento em biodiesel, o que desvia parte da produção de
alimentos. Com estes preços, volta a ser compensador para a
agricultura portuguesa produzir cereais. Mas já há poucos agricultores
dispostos a investir. Basta uma viagem pelo mundo rural, do Norte ao
Alentejo, para ver o pousio. É um paradoxo num País com tanto
desemprego. Mas a política oficial e os subsídios europeus também
incentivaram o abandono.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/as-revoltas-do-pao

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