quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Mundo exige nova ordem alimentar

Alexandre Coutinho
10:24 Segunda feira, 17 de Janeiro de 2011
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O preço dos alimentos básicos está novamente numa espiral ascendente.
Se a tendência se mantiver, é provável que o planeta tenha de
enfrentar uma crise alimentar e de mal nutrição idêntica à de 2008,
alerta o Banco Mundial, nas suas previsões semestrais. Para a FAO, a
chave para uma segurança alimentar a longo prazo reside no reforço do
investimento na agricultura.

Em 2011, a economia mundial vai crescer a um ritmo mais lento. O PIB
global não deverá ir além dos 3,3% (contra 3,9%, em 2010), embora os
países em desenvolvimento continuem a crescer mais do que os países
ricos (6%, em média). Apesar desta disparidade, os preços dos
alimentos subiram muito nos países mais pobres, em alguns casos na
ordem dos dois dígitos. A situação é particularmente preocupante nos
países do Golfo pérsico, altamente dependentes de importações. No
Médio Oriente e no Norte de África, estima-se que 37 milhões de
pessoas (cerca de 10% da população destas regiões) sofram de fome e
mal nutrição.
O rápido crescimento da fome e da mal nutrição ocorridos desde a crise
alimentar de 2008, revelam que o actual sistema global de distribuição
de alimentos é inadequado e requer mudanças estruturais urgentes,
defende Jacques Diouf, director-geral da FAO, o organismo das Nações
Unidas para a alimentação e agricultura. "O preço dos alimentos e a
crise económica tiveram um impacto severo em milhões de pessoas em
todo o Mundo. Nos últimos meses, o preço da maioria das commodities
agrícolas disparou", acrescenta. De acordo com último relatório da
FAO, o índice de preços médio alcançou os 205 pontos, em Novembro de
2010, apenas sete pontos abaixo do 'pico' atingido em Junho de 2008.
Açúcar e óleo foram os preços que mais subiram.
Os preços internacionais da farinha subiram 12%, nas primeiras semanas
de Dezembro, face a idêntico período de Novembro e os mercados estão
agora preocupados com as inundações na Austrália, que vão reduzir
drasticamente as colheitas. O preço do milho subiu 50% desde Julho,
tendo permanecido estável em Novembro e nos primeiros dias de
Dezembro, enquanto o preço do arroz, que se manteve estável até
Outubro, voltou a subir em Novembro e Dezembro, face às previsões
revistas em baixa das produções na Tailândia e no Vietname (dois dos
principais países exportadores).
Globalmente, a produção de cereais em 2010 poderá ter ficado 1,4%
abaixo da registada no ano anterior, apesar da pressão do aumento da
procura, que excede a produção mundial. Em consequência, os stocks
diminuíram em 2% e os preços aumentaram.
Para o director-geral da FAO, o investimento na agricultura é a
resposta mais adequada, a médio e a longo prazo. Os países
deficitários em alimentos deveriam receber apoio técnico e financeiro
para incrementar a produtividade dos seus sectores agrícolas
tornando-os mais resilientes face às crises. Isto também significa um
maior investimento em programas de protecção social e de segurança
alimentar, a par de informações actualizadas sobre os mercados. Os
pequenos produtores deveriam ter facilidades de acesso aos meios de
produção e às tecnologias necessárias, tais como sementes de alta
qualidade, fertilizantes e alfaias agrícolas.
http://aeiou.expresso.pt/mundo-exige-nova-ordem-alimentar=f626386

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