terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Reunião sobre o tema hoje e amanhã em Lisboa

Crise pode estar a aumentar obesidade
17.01.2011 - 07:34 Por Catarina Gomes
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A crise financeira pode estar a aumentar os níveis de obesidade da
população, sobretudo nos grupos mais desfavorecidos, afirma o
coordenador da Plataforma contra a Obesidade, Pedro Graça. Este é o
tema de uma reunião que hoje e amanhã congrega em Lisboa peritos
europeus com o objectivo de criar uma rede que estude a relação entre
desigualdades sociais e excesso de peso.

A pobreza pode gerar obesidade, mas esta pode também manter situações
de pobreza (Foto: Carla Carvalho Tomás/arquivo)
A ligação entre pobreza e obesidade está identificada. Vários estudos
confirmam que, em grupos sociais com menos recursos, tende a haver
mais pessoas obesas, nota Pedro Graça. As razões começam pelo preço
dos alimentos. "Os mais calóricos e mais apelativos aos sentidos, pela
quantidade de sal e açúcar envolvidos, tendem a ser mais baratos."
Em tempo de crise, quando se trata de diminuir gastos, "a alimentação
é mais maleável": é mais fácil do que cortar na luz, o que pode levar
a mudar hábitos alimentares, afirma Graça, professor na Faculdade de
Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto.
Além do preço, também o tempo é um factor premente: há cada vez mais
pessoas que precisam de mais horas de trabalho para manter os
rendimentos ou mesmo de um segundo emprego. Resultado? "É natural,
sobretudo no caso das mulheres, que haja menos tempo para comprar
alimentos e os confeccionar, nomeadamente pratos mais demorados que
incluam hortícolas, que obrigam a compras regulares". Assim, a
tendência é que se adquiram cada vez mais refeições já confeccionadas,
como alimentos com massa folhada, que só precisam de ser aquecidos,
exemplifica. No caso das leguminosas, "a tendência é que desapareçam,
porque o tempo de confecção é grande".
A própria atenção que a família dá ao tempo de refeição pode sair
prejudicada, com "os adolescentes a comer sozinhos, comendo pior".
A pobreza pode gerar obesidade, mas esta pode também manter situações
de pobreza, num "ciclo vicioso", explica o nutricionista. Porque os
obesos gastam mais em saúde, faltam mais ao trabalho e sofrem de
discriminação na admissão a empregos.
Ainda não é possível medir efeitos na saúde da actual crise económica,
talvez daqui a dois a três anos isso possa ser feito, nota Pedro
Graça. Mas os peritos que estarão reunidos na Direcção-Geral de Saúde,
à porta fechada, pretendem criar uma rede para perceber o que se passa
no terreno e identificar boas práticas. Um exemplo é o Regime de Fruta
Escolar, iniciado em Portugal em 2009, e que prevê a distribuição de
fruta aos alunos do 1º ciclo duas vezes por semana. No primeiro ano de
aplicação foram abrangidos 246.415 crianças.
http://www.publico.pt/Sociedade/crise-pode-estar-a-aumentar-obesidade_1475599

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