quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Vinho verde faz um brinde ibérico

Região do vinho verde vai fechar 2010 com um valor recorde nas
exportações e uma aliança com os espanhóis de Toro.
Margarida Cardoso (www.expresso,pt)
9:00 Quarta feira, 5 de Janeiro de 2011
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As exportações de vinhos verdes deverão crescer 15% para os €35 milhões
DR
A Região dos Vinhos Verdes tem boas razões para brindar no final de
2010, depois de garantir mais um recorde nas exportações, que deverão
crescer 15%, para os €35 milhões.

"Em outubro já tínhamos ultrapassado o valor de 2009 e garantido o
terceiro ano de crescimento consecutivo. É desta forma que estamos a
conseguir compensar as quebras no consumo nacional, onde caímos 7%, em
linha com a maioria das regiões demarcadas", afirma Manuel Pinheiro,
presidente da CVRVV Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes.
Com um preço médio de €2,2 por litro na exportação, o vinho verde está
a beneficiar do impulso de países como os EUA, onde as vendas
cresceram mais de 30% e já passam os €6 milhões, o que coloca o país
como o maior cliente externo dos vinhos do Minho.
Salto nos EUA
Na análise do perfil exportador das marcas de vinho verde, Manuel
Pinheiro salienta precisamente "o salto dado nos EUA", país no qual as
marcas da região conseguiram passar as fronteiras da imigração e estão
a vender em Estados como a Pensilvânia ou o Texas, onde não há
comunidades lusas.
"É raro o dia em que a CVRVV não recebe uma mensagem eletrónica de uma
garrafeira norte-americana a pedir a lista de fornecedores porque
querem importar", refere. Fresco, gaseificado, com pouco álcool e
poucas calorias, o vinho verde tem características que encaixam nas
atuais tendências de consumo dos EUA.Oprincipal concorrente no país
será o Pinot Grigio italiano, mas a CVRVV diz ser "difícil saber" se o
verde "vai à boleia do vinho italiano ou disputa o mercado com ele".
Numa região onde a produção não chega para as encomendas, não há
stocks e o preço das uvas no produtor atingiu os 50 cêntimos/ quilo,
um dos valores mais altos do país. Angola foi um dos poucos mercados
em quebra, devido a problemas de pagamento.
Investir na promoção
O sucesso internacional está a animar o lançamento de novos projetos
vocacionados para a exportação (ver textos relacionados).
"Neste momento temos 20 mercados para os quais exportamos mais de ¤100
mil e em sete já vendemos mais de €1 milhão. Em alguns desses
destinos, como o Canadá ou a Escandinávia, quase não vendíamos vinho
verde há alguns anos", diz o presidente da CVRVV.
Para alimentar a vocação internacional dos vinhos verdes, a região
está a investir na promoção internacional em mercados prioritários. No
caso dos EUA, esse investimento tem variado entre €300 mil e €500 mil
por ano.Depois, há outros alvos como o Brasil, Canadá, Reino Unido,
Alemanha, Suíça eNoruega.Oorçamento para 2011 é de €1,6 milhões.
A estratégia varia de país para país, mas os objetivos são sempre os
mesmos: reforço da notoriedade dos vinhos verdes, expansão das vendas
e aumento do preço médio por garrafa.
Parceria com Toro
Em Portugal, onde o vinho verde tem uma quota de mercado de 20%, o
principal desígnio é inverter a quebra no consumo e trabalhar a imagem
do verde tinto, que tem ainda exportações residuais.
Uma das novidades no plano de ação da CVRVV é a parceria com a região
espanhola de Toro, "uma zona de vinhos tintos, com muito corpo e muito
álcool, que combina bem com os vinhos verdes porque não são
concorrentes", explica Manuel Pinheiro.
Esta aliança, que permite trabalhar verbas transfronteiriças num
programa comum, vai unir o Minho a uma região espanhola palco de uma
batalha ibérica em 1476, quando D. Afonso V tentou defender o direito
da sua sobrinha Joana à coroa de Castela, assegurando a união dos dois
reinos sob domínio português. Passados 534 anos, Manuel Pinheiro
assume que a Região dos Vinhos Verdes "pode beneficiar claramente da
associação a Espanha".
http://aeiou.expresso.pt/vinho-verde-faz-um-brinde-iberico=f623973

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