quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Defesa do consumidor alemã acusa Governo de protecção à indústria alimentar no caso das dioxinas

2011-01-09
O presidente da organização alemã de defesa dos consumidores
Foodwatch, Thilo Bode, acusou hoje, domingo, o Governo de Angela
Merkel de graves erros no escândalo de contaminação por dioxinas e de
actuar em benefício dos interesses da indústria alimentar.
Em declarações publicadas na página electrónica do diário "Saabrucke
Zeitung" e citadas pela agência EFE, Thilo Bode, ex-director da
Greenpeace na Alemanha, assegurou que o Governo federal "tem uma
estratégia de exportação muito clara para os produtos de carne" e não
tem, por isso, qualquer interesse em endurecer os controlos sobre a
indústria alimentar.

Para o dirigente da Foodwatch, o actual escândalo de contaminação de
rações por dioxinas é só "uma ponta do iceberg".
Cerca de 80% da taxa de dioxinas considerada tolerável pela
Organização Mundial de Saúde "provém dos alimentos", segundo Bode.
Este defensor dos consumidores adiantou que muitas das coisas que
antes acabavam numa incineradora agora terminam na indústria
alimentar.
O responsável, autor do livro "Os Falsificadores de Comida", exigiu à
indústria alimentar que se submeta a análises separadas a todos os
componentes que se usam para fabricar alimentos e que se informem as
autoridades em caso de taxas elevadas de dioxinas.
"É uma barbaridade decidir que não é tão grave", criticou Bode,
referindo-se aos políticos de cargos distintos, entre eles a coligação
do Governo, que insistem que não existe qualquer problema para a saúde
dos seres humanos.
Bode recorda que há um ano ocorreu outro caso de contaminação por
dioxinas com cereais procedentes da Ucrânia.
"O consumidor é de novo vítima", disse.
A Alemanha encerrou já cinco mil explorações avícolas e suínas devido
a uma contaminação por dioxinas, cujos efeitos poderão deixar em
apertos a poderosa indústria alemã exportadora de carne,
principalmente de porco.
Coreia do Sul e Eslováquia foram os primeiros países a suspender a
importação de carne alemã, enquanto governos como o italiano e o russo
decidiram endurecer os controlos.
Em Portugal, uma fonte do Ministério da Agricultura afirmou que a
informação que há a nível europeu é de que nenhuma da carne
contaminada saiu da Alemanha.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1752823

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