sexta-feira, 18 de março de 2011

Alqueva já custou mais ao Estado do que o TGV

INVESTIMENTO
por LUÍS MANETAHoje

A conclusão das redes de rega para a agricultura a partir da albufeira
ainda vai custar 748 milhões de euros, elevando o custo total do
empreendimento para 2,5 mil milhões de euros, valor que compara com os
1,8 mil milhões da linha ferroviária de alta velocidade entre o
Poceirão e Caia.

O Estado já gastou no empreendimento do Alqueva 1,8 mil milhões de
euros, mais 200 milhões do que se estima vir a custar a linha de TGV
entre o Poceirão e Caia. Fonte da EDIA - Empresa de Desenvolvimento e
Infra-Estruturas do Alqueva avança que até à conclusão do projecto,
prevista para dentro de dois anos, falta ainda realizar 748,13 milhões
de euros, o que elevará o custo da obra para 2,5 mil milhões de euros
(excluindo capitalizações de custos de estrutura).
A maior fatia de investimento (1,04 mil milhões de euros) foi
concretizada até 2005, com as obras de construção das barragens de
Alqueva e Pedrógão e da central hidroeléctrica. A partir daí o
dinheiro começou a ser canalizado essencialmente para a construção das
redes de rega primária e secundária, a um ritmo superior a 150 milhões
de euros por ano.
Em 2010, a EDIA investiu 127,5 milhões de euros na consolidação do
sistema global de rega. Trata-se de metade do dinheiro que havia sido
gasto em 2009, situação explicada pelo facto de as empreitadas
previstas para o segundo semestre do ano "terem deslizado" para o
início de 2011.
A empresa obteve o ano passado 132 milhões de euros, entre
financiamento comunitário e PIDDAC, tendo emitido um empréstimo de 94
milhões de euros destinado ao financiamento da contrapartida nacional
e refinanciamento da dívida. O passivo ascende a 1,2 mil milhões de
euros.
Nos três perímetros de rega em exploração em 2010 (Pisão, Monte Novo e
Alvito), a EDIA facturou 483 mil euros, valor que inclui a taxa de
recursos hídricos, exploração e conservação, muito abaixo dos 11,2
milhões de euros resultantes da compensação financeira anual paga pela
EDP para a produção de energia eléctrica.
O preço da água - considerado "excessivo" por muitos agricultores e
"competitivo" pelo ministro de Agricultura - foi fixado pelo Governo
tendo como ponto de partida 4,2 cêntimos por metro cúbico à saída da
rede primária, tendo os fornecimentos directos às explorações
agrícolas um custo de 8,9 cêntimos por metro cúbico quando se trata de
abastecimento "em alta" e de 5,3 cêntimos no fornecimento em baixa
pressão. Em 2010, os montantes cobrados pelo fornecimento de água para
uso agrícola corresponderam a 30% dos valores facturados, num
incentivo à reconversão das explorações que irá diminuir ao longo dos
próximos sete anos.
A estimativa de receitas aponta para uma "reduzida rendibilidade" dos
investimentos. "É importante ter presente que desde os primeiros
estudos este empreendimento foi considerado um instrumento de
desenvolvimento regional, concebido e executado com objectivos claros
de desenvolvimento de uma zona deprimida do interior do País e que
visava a conversão do sector agrícola de sequeiro para regadio, nunca
estando em causa o retorno dos activos", assinala a EDIA no relatório
de contas relativo a 2010.
Para este ano está previsto o início da construção dos blocos de rega
de Ervidel, Aljustrel, Vale de Gaio e Pias. O objectivo é ter o
empreendimento concluído em 2013, 12 anos antes do previsto.
http://www.dn.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1808800&page=-1

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