domingo, 8 de maio de 2011

Agricultores reclamam apoio 'para quem trabalha a terra'

6 de Maio, 2011
Cerca de mil agricultores de várias regiões do país concentraram-se
hoje no Terreiro do Paço, em Lisboa, para aprovar uma Carta Aberta
apelando à mudança de políticas e exigindo o fim dos sacrifícios.
Acenando bandeiras verdes e vermelhas e empunhando cartazes alusivos
aos problemas do sector primário, dirigentes agrícolas e associados da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA) uniram-se nas críticas aos
responsáveis pela «ruína do mundo rural».

Um cartaz que questionava o porquê da crise da agricultura dava também
a resposta «derivado a termos muitos nabos e poucos tomates».
A CNA, que representa as pequenas explorações familiares, sustenta que
a «desastrosa situação da lavoura e do mundo rural português» se deve
às «más políticas agrícolas e de mercados» do PS, PSD e CDS que se
sucederam no Governo nas últimas três décadas.
Baixa dos preços à produção, «especulação brutal dos preços dos
factores e produção, como combustíveis, rações e até o crédito» e o
despedimento de 112 mil explorações, metade das quais pecuárias na
última década foram alguns dos problemas enunciados pelo dirigente da
CNA, João Dinis.
«Portugal está a cavar uma grande dependência alimentar. Estamos
encharcados em fruta, batata, vinho e cereais», criticou o dirigente
associativo, alertando para o défice da balança de pagamentos
agroalimentares, que é superior a quatro mil milhões de euros e
«também contribui para a dívida».
João Dinis alega que «a soberania alimentar está posta em causa» e
pediu apoios dirigidos à agricultura familiar e não aos «5% que
beneficiaram de 95% dos dinheiros públicos destinados à agricultura e
que são os grandes proprietários».
O responsável da CNA defende mais produção para os mercados de
proximidade e exige «ajudas públicas com mais justiça social, a quem
trabalha a terra».
Por outro lado, criticou «o resgate que é uma imposição da banca
europeia e do FMI» e o facto de «cada português ir emprestar 1.200
euros aos banqueiros».
A carta aberta, hoje aprovada, que expressa as grandes dificuldades da
agricultura familiar, vai ser entregue aos partidos políticos e órgãos
de soberania.
Animada pela música dos megafones, na concentração soaram também
tambores e chocalhos, enquanto um carrinho de mão que transportava uma
pipa mostrava a presença do mundo rural.
O vinho era um dos sectores mais visados nos cartazes e faixas, que
alertavam para os problemas do Douro, mas também para os preços do
leite ou a crise da pecuária.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=18575

Sem comentários:

Enviar um comentário