quinta-feira, 2 de junho de 2011

CAP receia que acordo com a 'troika' crie dificuldades acrescidas ao sector

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) receia que o acordo
assinado com a 'troika' vá criar dificuldades acrescidas ao
cumprimento da componente nacional necessária para aplicação dos
fundos comunitários.
"Mesmo antes da 'troika', em 2010 falta pagar 70 milhões de euros do
ProDeR [Programa de Desenvolvimento Rural]. Com mais restrições espero
que não venha a afectar a execução deste ano", disse hoje à agência
Lusa Luís Mira, Secretário-geral da CAP e administrador do Centro
Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), que organiza a
Feira Nacional da Agricultura.

Sublinhando que para aplicação dos fundos comunitários é necessário
garantir a componente nacional, Luís Mira afirmou que, mesmo
representando apenas seis por cento do investimento total -- em cada
100 euros, 70 são pagos pelos agricultores, 24 pela União Europeia e
seis saem do Orçamento do Estado -, a "pequena parte" que cabe ao
Estado "pode parar tudo".
Segundo o responsável, no último concurso houve quatro vezes mais
projectos do que verba disponível (900 milhões de euros de
candidaturas para 150 milhões de euros), o que mostra "a vontade" do
sector, sendo necessário garantir que a administração central assegure
a sua parte para que os investimentos se possam concretizar.
Luís Mira frisou a importância do sector para a redução das
importações, pois basta que o país produza mais para evitar a saída de
divisas.
"O país é como uma família que tem problemas de dinheiro e tenta
aumentar a receita familiar fazendo circular o dinheiro internamente
-- o pai paga 20 euros ao filho para este lavar o carro, o filho paga
30 euros ao pai para ter explicações e pagam 10 euros à mãe pelo
jantar, mas precisam de dinheiro para pagar os empréstimos que pediram
para comprar a casa e o carro", afirmou.
O responsável da CAP acredita que a situação actual vai fazer com que
as atenções se voltem finalmente para um sector que nos últimos 20
anos foi "sempre mal visto pelos políticos", ficando de fora das suas
preocupações.
Contudo, no seu entender, também os consumidores têm que mudar de
atitude em relação aos produtos nacionais, já que a situação actual
"não é sustentável".
Como exemplos referiu a preferência dada aos frutos exóticos, até
mesmo nos restaurantes, apelando a que se opte por fruta produzida no
país "e no seu ciclo natural", a bem dos agricultores e dos próprios
consumidores, que deixam de ter de pagar com os seus impostos os
produtos que são importados.
Este apelo vai estar mais uma vez presente na Feira Nacional da
Agricultura/Feira do Ribatejo, que decorre de 04 a 12 deste mês em
Santarém, disse, sublinhando que o próprio CNEMA criou uma forma de
garantir a faturação, para que os produtos expostos possam ser
vendidos.
Luís Mira realçou ainda o facto de o sector ser também exportador,
nomeadamente nas florestas, referindo o peso nas exportações e a
posição mundial de Portugal no que toca à cortiça (sobreiro) ou mesmo
à pasta de papel (eucalipto) ou ainda nos contraplacados (pinho).
Também os hortofrutícolas, os vinhos e os azeites se têm vindo a impor
externamente, sublinhou.
Fonte: Lusa
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/06/02k.htm

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