quarta-feira, 15 de junho de 2011

E. coli. Bruxelas cobre até 70% das perdas dos produtores europeus

CONTAMINAÇÃO
por Marta F. Reis, Publicado em 15 de Junho de 2011 | Actualizado há 22 horas
Associação Fresh Portugal alerta que há situações de pré-falência na
região Oeste. Preço do pepino caiu 93%

Produtores alemães falam da pior crise desde Chernobyl
filipe casaca
Bruxelas acordou ontem cobrir até 70% as perdas dos produtores
europeus lesados pelo surto de E. coli na Alemanha. As contas deverão
ser feitas até 18 de Julho, sendo referentes às quebras nas vendas
entre 26 de Maio e final de Junho em relação ao volume de negócio dos
últimos três anos.

Ao i o presidente da Associação Fresh Portugal alertou para a
necessidade de todos os países cumprirem as mesmas regras na
contabilidade das perdas, algo que considera difícil tendo em conta o
facto de a verba a disponibilizar por Bruxelas - 210 milhões de euros
- ser "manifestamente insuficiente." Manuel Évora sublinha que, só em
Espanha, as perdas semanais terão escalado aos 200 milhões de euros, o
que em três semanas de surto ultrapassa o montante final da Comissão
Europeia.
Fonte oficial do Ministério da Agricultura esclareceu ontem ao i que,
para já, não há uma fatia destes 210 milhões adjudicada a Portugal.
Para já os produtores de pepino, alface, pimento e tomate têm de
contabilizar as perdas, que depois de serem conferidas pelas
organizações de produtores e pela tutela serão remetidas para
Bruxelas. Até ao momento, os produtores nacionais já terão perdido
entre 10 a 15 milhões de euros, revelou o responsável. Não só nas
quebras de consumo, mas também pelas descidas acentuadas nos preços
dos produtores escoados. Segundo Manuel Évora no ano passado, na
produção, o quilo de pepino custava cerca de 49 cêntimos. Nas últimas
três semanas, os produtores estão a vendê-lo a três cêntimos, fora o
que tiveram de destruir. A quebra do preço soma mais de 93%.
Zona Oeste crítica A Portugal Fresh, associação para a Promoção das
Frutas, Legumes e Flores de Portugal, só vai reunir-se com os
produtores no próximo sábado. Ainda assim Manuel Évora sublinha que os
mais lesados são os produtores da zona Oeste e admite haver vários
casos de pré-falência. "No Natal de há dois anos foram os mais
afectados pelos temporais, tiveram apoios e muito investimento próprio
para recuperar os negócios e só agora, este Verão, iriam começar a ter
retorno." A expectativa saiu defraudada, garante Manuel Évora,
sublinhando que a retracção no consumo de vegetais é total: "Houve um
esforço na grande distribuição para promover o consumo de hortícolas
nacionais mas cada notícia que sai baixa a procura. É o que vai
acontecer agora com mais estas notícias sobre alface contaminada.
Mesmo que a Alemanha tenha passado a dizer que se trata de vegetais
consumidos no país, a incerteza acaba por ter repercussões em todos os
mercados."
Alface roxa ilibada Segundo o "Die Welt", as análises a amostras de
alface roxa colhida na Baviera revelaram resultados negativos para a
estirpe agressiva de E. coli, uma bactéria mutante que provoca anemias
severas e pode levar à falência renal. A principal suspeita continuam,
por isso, a ser os rebentos de leguminosas. No final da semana passada
as autoridades alemãs retiram o alerta sobre o consumo de pepinos,
tomates e alface crua. Ontem, a Associação dos Agricultores Alemães
(Deutscher Bauernverband), a maior do países, classificou o impacto da
crise alimentar como o maior desde a provocada pelo receio de
alimentos contaminados depois do desastre de Chernobyl. Desde o final
de Maio foram destruídas 6000 toneladas de pepino, 3500 toneladas de
tomate e 1300 hectares de alface.
Segundo a actualização diária do Centro Europeu de Prevenção e
Controlo de Doenças já foram confirmados 3332 casos de infecção com a
estirpe agressiva de E. coli. Destes, 818 doentes desenvolveram a
anemia grave síndrome hemolítica urémica. Ao todo a bactéria já fez 37
vítimas mortais e ontem foi confirmada a morte de uma criança com dois
anos, internada no hospital da Escola Superior de Medicina de
Hannover, num surto que tem afectado sobretudo adultos e mulheres. Em
2009, último ano com dados disponíveis para a Europa, houve 3573 casos
de infecção com E. coli tóxicas, pouco mais dos registados nas últimas
três semanas.
http://www.ionline.pt/conteudo/130310-e-coli-bruxelas-cobre-ate-70-das-perdas-dos-produtores-europeus

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