quinta-feira, 2 de junho de 2011

Epidemia alastra enquanto governos trocam acusações

A venda de pepinos caiu 90 por cento nos últimos dias
Britta Pedersen, EPA
O governo espanhol admite proceder judicialmente contra as autoridades
de Hamburgo, por terem atribuído aos pepinos espanhóis a origem da
epidemia de E.coli no Norte da Alemanha. As autoridades sanitárias
alemãs continuam a tentar descobrir a verdadeira fonte da
contaminação, enquanto o número de vítimas continua a aumentar.
Morreram 17 e quase duas mil pessoas estão infetadas.
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"Não descartamos agir contra as autoridades que duvidaram da qualidade
dos nossos produtos. Poderemos tomar medidas, neste caso, contra as
autoridades de Hamburgo", declarou o ministro espanhol do Interior, em
Almeria.
Aos jornalistas, Alfredo Perez Rubalcaba anunciou que foi pedido à
União Europeia "para levantar o alerta" de saúde lançado na passada
quinta-feira. Ainda segundo Rubalcaba, os hortofruticultores espanhóis
estão a estudar a apresentação de reivindicações pelos prejuízos. "É
evidente que foi posto em risco o trabalho de muita gente sem provas,
o que me parece uma atitude arriscada", sublinhou Rubalcaba.
A ministra espanhola da Agricultura também apelou à União Europeia a
que tome "medidas para dar resposta aos produtores que neste momento
estão a sofrer porque veem a fechar-se as portas dos vários países
europeus aos produtos espanhóis".
Quando os casos de infeção pela bactéria Escherichia Coli foram
conhecidos, as autoridades alemãs afirmaram que a origem estava nos
pepinos importados de Málaga e Almeria. Em consequência, Áustria,
Bélgica e Rússia, entre outros países, fecharam a porta a vários
produtos espanhóis.
Tanto Rosa Aguilar como Rubalcaba sublinham que todas as pessoas
intoxicadas pela bactéria estiveram na Alemanha. No entanto, a
ministra alemã da Agricultura reitera estar mais interessada na "saúde
pública" e só depois os interesses económicos".
Prejuízos afetam agricultores
Os hortofruticultores espanhóis estimam que tenham 200 milhões de
euros de prejuízo por semana, o que na perspectiva da ministra da
Agricultura constitui um "grave dano" para o setor.
Do mesmo modo, também os produtores alemães de frutas e vegetais
apontam prejuízos de 20 milhões de euros em virtude da redução do
consumo. "Calculamos que os prejuízos sejam de três milhões de euros
por dia, e a tendência é para aumentarem", dizia um porta-voz da
Confederação alemã dos Agricultores.
A venda de pepinos caiu 90 por cento nos últimos dias e a situação
piora de dia para dia, afirma o diretor comercial da Cooperativas de
Produtores Landgard, com 600 hortofruticultores associados, que admite
a falência de muitas explorações agrícolas.
Na Hungria, o representante espanhol na reunião informal para a
Agricultura pedia medidas extraordinárias de apoio aos produtores e
revelava estarem em curso ações para repor os circuitos de exportação.
Também os representantes alemão e holandês da Agricultura pediram à
Comissão Europeia para estudar a possibilidade de subsidiar os seus
agricultores, cujas produções não encontram escoamento devido ao
pânico entretanto gerado nos mercados.
Em Bruxelas, os serviços estudam todas as formas de auxílio aos
produtores de frutas e legumes, para quem a legislação comunitária
prevê meios de intervenção mais limitada do que noutros sectores, como
o dos cereais, refere a France Press.
A Comissão Europeia não revela números sobre a redução no consumo de
vegetais na Europa mas admite "enormes perdas".
As informações mais recentes dão conta que alguns hipermercados na
Alemanha e Áustria voltaram a receber produtos hortícolas provenientes
de Almeria e Malaga.
Novo teste em curso desde hoje e avisos mantêm-se
Apesar de a responsável de saúde pública de Hamburgo ter negado,
ontem, que os pepinos espanhóis estivessem na origem da epidemia de
E.Coli, o Ministério alemão da Agricultura afirmou que os cientistas
ainda não estão em condições de apontar a fonte da infeção.
O instituto que coordena o combate a epidemias na Alemanha continua a
apelar à população para evitar o consumo de tomates, pepinos e saladas
crus, pelo menos enquanto o vetor da infeção não for identificado.
Na tentativa de descobrir a verdadeira origem da epidemia, os
laboratórios alemães estão a realizar um novo teste, desenvolvido por
cientistas alemães e franceses, para detectar a bactéria nos
alimentos. O Instituto Federal para a Avaliação de Riscos anunciou que
colocou à disposição dos laboratórios dos Estados federais.
A investigação é acompanhada de perto pelo comissário europeu para a
saúde, Jonh Dalli.
16.ª vítima na Alemanha
A contaminação matou 17 pessoas na Europa, 16 na Alemanha e uma na
Suécia. A morte de uma mulher de 84 anos, no domingo, com E.Coli foi
hoje publicamente anunciada.
O número de infeções continua a aumentar, atingindo cerca de 1900
pessoas, incluindo os 400 que registam sintomas graves, refere o
Instituto Robert Koch.
Foram registados casos em todos os Estados federais alemães,
concentrando-se no Norte, em Schleswig-Holstein e em Hamburgo. Nesta
cidade 668 pessoas estão contaminadas, enquanto ontem eram apontadas
119 infeções.
O primeiro caso de contaminação foi registado a 2 de maio, e o último
a 30 de maio, verificando-se o crescimento acentuado de infeções a
partir de 22 de maio.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?t=Epidemia-alastra-enquanto-governos-trocam-acusacoes.rtp&article=447757&layout=10&visual=3&tm=6

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