quinta-feira, 9 de junho de 2011

Produtores associam-se para exportar

Campanha: Resultados abaixo das expectativas
A campanha da cereja – o ouro vermelho português – está a decorrer um
pouco abaixo das expectativas, devido ao mau tempo. Apesar disso, os
produtores da Cova da Beira e de Resende, as duas principais regiões
do País com, respectivamente, um potencial de 15 mil toneladas e três
mil toneladas anuais, estão optimistas quanto ao resultado final.
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Por:Alexandre Salgueiro/A.S.C.


"Os picos de calor e a humidade estão a afectar a produção, não em
quantidade, mas em qualidade", afirma Carlos Madaleno, presidente da
Cooperativa de Fruticultores da Cova da Beira. A cereja, explica,
"fica mais mole e tem uma durabilidade mais curta, o que não agrada ao
cliente".
A campanha vai no início e os produtores esperam que, com a
estabilização climatérica, a qualidade aumente. Entretanto, as
cooperativas e associações de produtores da região não têm tido mãos a
medir na recepção, embalagem e expedição do fruto. Para Carlos
Madaleno, "é pena que não haja ainda mais quantidade, para que se
pudesse negociar a cereja para o estrangeiro". É que, explica, "a
produção é muita, mas não é toda entregue nas cooperativas, o que
impede um volume suficiente para corresponder às exigências do mercado
externo".
José Martins, de 80 anos, é um dos produtores que preferem vender o
seu produto à beira da estrada, à entrada do Fundão. Cada caixa de
cerejas custa, em média, 2,5 euros. "Este ano isto está muito
fraquinho. Não se vende nem metade do que se vendia no ano passado,
nem com uma redução de 50 por cento no preço", diz José Martins,
esperançado em que as vendas subam durante a Festa da Cereja que se
realiza este fim-de-semana em Alcongosta. "Se os turistas não escoarem
a cereja, nem quero pensar no prejuízo", diz o produtor, menos
optimista que os ligados às cooperativas.
ABRIR O POMAR AO PAÍS
O sucesso do negócio da cereja de Resende prende-se com o micro-clima
e o solo que há no concelho, que permite que o fruto amadureça 15 dias
antes do resto da Europa. Mas ainda há outra característica: captar a
atenção dos clientes, especialmente nacionais. A ideia fez com que
Rogério da Silva, o maior produtor da cereja de Resende, abrisse o seu
pomar de 24 hectares ao País.
"Vendo produto à porta, levo para o MARL – Mercado Abastecedor da
Região de Lisboa ou do Porto e recebo excursões", contou o produtor.
Assim, os interessados podem marcar um dia para provar o fruto
directamente das cerejeiras. "Comem o que querem e depois pagam o que
querem. Se não querem, não levam. No último domingo, tive aqui 200
pessoas", recordou o produtor.
A iniciativa é importante no negócio. "Vêm pessoas de todo o lado. É
engraçado ver que os gostos são diferentes. As pessoas de Lisboa
preferem as vermelhas, já as do Porto gostam mais das pretas", adianta
Rogério da Silva.
DISCURSO DIRECTO
"DISPERSÃO DE PRODUTORES PREJUDICA": João Costa, Engenheiro
proprietário de um pomar
CM – Como vai a campanha?
João Costa – Não é dos melhores anos. Humidade e picos de calor estão
a prejudicar a qualidade.
– Que expectativas tem?
– Ainda só vamos a um terço da campanha. Estamos com esperança de que
o clima melhore para que a qualidade aumente.
– O investimento compensa?
– Compensa se falarmos em pomares novos, planeados para facilitar a
colheita e diminuir o custo de mão-de-obra. Nos pomares antigos é
difícil rentabilizar a produção. A escolha das variedades também é
importante.
– A cereja é bem aproveitada?
– O principal problema é a dispersão de produtores, que trabalham cada
um por si. Se houvesse mais união, podíamos começar a exportar em
grandes quantidades, através de associações ou de cooperativas.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/actualidade/produtores-associam-se-para-exportar

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