sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vaga de pânico cortou para metade o preço do tomate

02 Junho 2011 | 18:14
Lusa
Os horticultores do Oeste, região com a maior área de estufas de
hortícolas do país, estão a sentir fortemente os efeitos da vaga de
pânico causada pelas notícias vindas da Alemanha.

No leilão de hortícolas, que decorreu esta manhã no agrupamento de
produtores Hortorres, o tomate desceu de 0,50 para 0,25 euros em
comparação com a semana anterior, afirmou à agência Lusa o responsável
José Luís Rodrigues.

"Os preços estão a decair todos os dias e os produtos não saem para
exportação, porque o consumidor deixa de consumir porque tem medo",
justificou, acrescentando que a Hortorres tinha um contrato fechado
para exportar hortícolas para abastecer uma cadeira de hipermercados
na Alemanha e "agora já não querem".
Na central Carmo e Silvério, os preços também estão a descer,
sobretudo do tomate, a principal produção nesta altura do ano, em
resultado do receio de comer legumes, referiu o produtor Horácio
Carmo.
"O nosso principal concorrente é o tomate da Holanda, país que não
está a conseguir vender para a Rússia e está a encher o mercado
espanhol de produto e a fazer descer o nosso tomate", explicou.
Para os horticultores, a retracção das exportações tem aumentado a
oferta de hortícolas e contribuído para a descida dos preços no
mercado nacional. No mercado de Torres Vedras, os preços mantêm-se
idênticos aos de há uma semana, tendo em conta que a maioria dos
comerciantes recorre a hortícolas produzidos no concelho.
Ainda assim, "nota-se uma quebra nos preços sobretudo do pepino",
realçou Ana Bernardo, comerciante há mais de 20 anos.
Também com mais prejuízo nas vendas, Conceição Diogo, comerciante há
10 anos, acrescentou que, apesar da retracção ao consumo, "as pessoas
perguntam se o produto é nacional ou estrangeiro", preferindo o
nacional "porque estão com medo".
Torres Vedras é o concelho com a maior área de estufas de hortícolas
do país, cerca de 600 hectares, onde são cultivados produtos que
asseguram as necessidades diárias de consumo da capital e que são
exportados para vários mercados europeus, facturando por ano só nas
exportações 800 milhões de euros.

Três casos suspeitos em Portugal
Um surto infeccioso da bactéria Escherichia coli (E.coli) foi
detectado na Alemanha na semana passada, tendo entretanto provocado 18
mortos e afectado milhares de pessoas. Morreram 17 pessoas na Alemanha
e uma na Suécia. Em Portugal, há três casos suspeitos, em doentes que
regressaram recentemente de Hamburgo.
Apesar de as autoridades terem inicialmente atribuído o surto à
contaminação de pepinos espanhóis, a origem da infecção continua
desconhecida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou hoje
tratar-se de uma nova estirpe nunca antes detectada da bactéria.
Entretanto, as primeiras análises realizadas pela Autoridade de
Segurança Alimentar e Económica (ASAE) a pepinos espanhóis, retidos
num armazém em Portugal, para detectar a presença da bactéria E.coli,
deram "negativo", disse hoje à Lusa uma fonte do organismo.
A ASAE desencadeou, entre sexta e terça-feira, uma "operação de
controlo" para verificar se havia à venda em Portugal pepinos
provenientes de Espanha. Esta acção foi realizada antes de a Alemanha
ter anunciado que, ao contrário do que se pensava, a origem do surto
infeccioso com a bactéria Escherichia coli (E.coli) não estava nos
pepinos espanhóis.
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