segunda-feira, 4 de julho de 2011

Agricultura já vale dez por cento nos negócios do grupo de transportes Paulo Duarte

Sectores tradicionais
04.07.2011 - 14:08 Por Ana Rute Silva
de 15 notícias em Economiaseguinte »
Empresa da zona do Oeste, que dá emprego a cerca de 800 pessoas, vai
investir cerca de cinco milhões de euros nos próximos quatro anos para
plantação de pomares
Os pomares são a nova paixão de José Paulo Duarte
(Filipe Arruda)

O verde-escuro das folhas da ameixoeira são um sinal de qualidade.
José Paulo Duarte aponta para o pomar, com vista para a serra de
Montejunto, e mostra as árvores carregadas de ameixas. O telemóvel não
pára de tocar. Atende quase todas as chamadas, resolvendo problemas,
dando indicações. O Grupo Paulo Duarte, fundado pelo seu pai em 1964 -
o primeiro em Portugal a transportar vinho em cisterna - tem sete
empresas de transportes, cerca de 800 trabalhadores, 550 viaturas, 550
reboques... e 72 hectares de pomares.
Aos camiões-cisterna juntam-se os tractores, as alfaias agrícolas, os
armazéns de fruta. A aventura no sector agrícola começou há 15 anos
com a compra da Abrunhoeste por 500 mil euros, em processo de
insolvência. "Foi uma coisa que aconteceu naturalmente. Era uma
cooperativa e teria falido se não tivesse sido comprada", conta José
Paulo Duarte. A Abrunhoeste é uma organização de produtores e recebe
os produtos de 23 agricultores da região. O ano passado facturou 4,2
milhões de euros e exportou 95 por cento da sua produção, que, no
total, ronda as nove mil toneladas de fruta por ano. Gigantes como a
britânica Tesco são clientes de peso, num negócio virado para fora de
portas. A pêra-rocha, as maçãs, as nectarinas e as ameixas são
vendidas para a Irlanda, Reino Unido, Brasil, França, Marrocos, Angola
e, mais recentemente, alguns países da Escandinávia.
Procura pede investimento
A procura é tanta que o empresário prepara-se para investir mais na
produção. O objectivo é passar dos actuais 72 hectares de plantação
própria para 250 hectares nos próximos quatro anos, num investimento
que pode chegar aos cinco milhões de euros (o valor só inclui os
custos de implementação dos pomares). "A intenção é servir os mercados
internacionais", explica.
A apanha da ameixa está prestes a começar e, em breve, os armazéns da
Abrunhoeste estarão cheios de fruta. A estratégia é ter onze meses do
ano de intensa actividade, lavando, embalando e distribuindo a fruta
que chega dos produtores. "Queremos ter apanha durante todo o ano,
parando apenas em Junho para manutenção e limpeza", adianta. Nas
alturas de menor fluxo, alugam-se as câmaras frigoríficas a
importadores de fruta estrangeira, em contra-estação.
A plantação de pomares é gerida pela Sociedade Agrícola Quinta de
Malpique, criada há cinco anos. Foi crescendo à medida que José Paulo
Duarte comprava ou alugava terras para plantar as árvores de fruto. "O
investimento é muito grande e tem que se esperar anos - cinco no caso
da pêra-rocha - até o fruto crescer e haver retorno. O risco é enorme
e, por isso, há que valorizar os agricultores", defende.
Sector não desprestigia
Outra dificuldade do sector é a escassez de mão-de-obra. O empresário
lamenta que "na cabeça dos portugueses ainda seja desprestigiante
trabalhar na agricultura". Cerca de 90 por cento dos trabalhadores são
estrangeiros (a maioria tailandeses) e ganham em média 35 euros por
dia.
A aquisição, o ano passado, de 50 por cento da Confraria da Horta
complementou a cadeia de produção: para além de plantar, colher,
embalar e distribuir para os mercados internacionais, o Grupo Paulo
Duarte passou a comercializar produtos hortícolas e frutas de cerca de
20 produtores locais em restaurantes e hotéis na zona da Grande
Lisboa, Sintra e Zona Oeste. "É um complemento e há sinergias entre as
empresas. A confraria comercializa mais de 200 produtos", afirma.
Contas feitas, o negócio da agricultura já pesa dez por cento na
facturação da empresa que, o ano passado, teve receitas de 51,6
milhões de euros.
"Temos ganho dinheiro com a agricultura. É um negócio com futuro",
defende José Paulo Duarte, confessando que tem "paixão pela terra" e
que gosta de "ver nascer coisas". "O país precisa de investir em
produção. Já chega de investir em apartamentos", remata.
http://economia.publico.pt/Noticia/agricultura-ja-vale-dez-por-cento-nos-negocios-do-grupo-de-transportes-paulo-duarte_1501376

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