sexta-feira, 19 de agosto de 2011

INE: Produção de cereais de Outono/Inverno é uma das mais baixas de sempre

As previsões agrícolas em 31 de Julho apontam para aumentos de
produtividade da pêra e da maçã. Em contrapartida, confirma-se a
quebra de produção dos cereais de Outono/Inverno, que deverá ficar
abaixo das 180 mil toneladas, produção que só tem paralelo com a
registada aquando da seca de 2005. Também para a vinha as perspectivas
são negativas, com os intensos ataques de míldio, ocorridos ao longo
do ciclo vegetativo, a fazerem prever diminuições de produtividade na
ordem dos 25%. No tomate para a indústria prevêem-se igualmente
reduções nos rendimentos unitários (-10%).


O mês de Julho caracterizou-se, em termos meteorológicos, por valores
de temperaturas do ar ligeiramente abaixo dos normais e pela quase
ausência de precipitação. Foi ainda particularmente notado o vento
forte que se fez sentir ao longo de todo o mês, em particular no
litoral oeste e nas terras altas.
Estas condições atmosféricas, em especial a ocorrência de vento forte,
provocaram o aumento dos níveis de evapotranspiração com a consequente
diminuição da eficiência da rega, obrigando ao aumento da sua
frequência. De referir contudo que, face às elevadas disponibilidades
hídricas que a intensa precipitação dos meses anteriores proporcionou,
não se registaram constrangimentos assinaláveis no abastecimento de
água de rega às culturas.
A maioria das explorações pecuárias tem privilegiado a utilização das
pastagens, dos restolhos dos cereais, das palhas e das silagens de
forragem na alimentação do seu efectivo animal, estando o consumo de
rações industriais restrito a regimes de produção mais específicos,
nomeadamente em unidades de produção leiteira ou de animais de recria.
Superfície de milho de regadio aumenta ligeiramente
As dificuldades sentidas na instalação desta cultura nos terrenos mais
sujeitos a encharcamento foram entretanto ultrapassadas, havendo,
contudo, ainda uma área significativa de milho cuja colheita
previsivelmente se arrastará pelo Outono, com os potenciais
contratempos inerentes à realização desta operação numa altura em que
a possibilidade de ocorrência de precipitação é elevada. Desta forma,
e apesar do elevado custo dos factores de produção, observa-se um
ligeiro aumento da área de milho de regadio face ao ano transacto
(+5%).
Milho de sequeiro com aumento de produtividade
As condições favoráveis ao desenvolvimento do milho de sequeiro,
designadamente o teor de humidade do solo que se manteve elevado nas
fases mais críticas do ciclo vegetativo desta cultura, contribuíram
para um aumento de produtividade na ordem dos 10%. Em contrapartida,
para o arroz não se prevêem alterações no rendimento unitário nem nos
padrões de qualidade.
Batata de regadio mantém rendimento unitário
O desenvolvimento da batata de regadio decorreu com normalidade
apresentando a cultura, à excepção de algumas áreas onde ocorreram
ataques pontuais de míldio, um bom aspecto vegetativo. Desta forma, as
perspectivas apontam para a manutenção da produtividade obtida na
campanha anterior, ligeiramente abaixo da média do último quinquénio.
Produtividade do tomate para a indústria baixa 10%
A intensa precipitação ocorrida no início da campanha do tomate para a
indústria, para além de ter impedido o normal desenrolar das operações
de preparação dos terrenos e plantação da cultura e de ter obrigado,
em alguns casos, a replantações (que se estenderam até meados de
Junho), causou ainda danos em algumas searas, se bem que, na maioria
dos casos, não tão penalizadores como se chegou a recear. As actuais
previsões apontam para uma produtividade que rondará as 76 toneladas
por hectare, valor que representa uma quebra de 10% face a 2010.
Presentemente as principais preocupações dos produtores prendem-se com
a possibilidade de ocorrência de calores intensos ao longo do Verão
(com consequências negativas para a floração das plantações mais
tardias) e com o facto de uma área significativa desta cultura ter a
sua colheita prevista para finais de Setembro e princípios de Outubro,
com todos inconvenientes que daí poderão advir. Quanto ao girassol,
não se prevêem variações do rendimento face ao ano anterior.
Boas perspectivas para a pêra e para a maçã
A polinização e o vingamento dos frutos nos pomares de macieiras e
pereiras decorreu normalmente, tendo sido excepcional em algumas zonas
da região Oeste, obrigando, inclusivamente, à realização de mondas de
frutos mais intensas, em particular, nos casos em que não se verificou
a queda natural do excesso de frutos. Desta forma, e apesar de alguns
problemas fitossanitários, nomeadamente ataques de pedrado, prevê-se
que a produtividade da pêra atinja as 19,4 toneladas por hectare (24%
acima da média do último quinquénio) e a da maçã as 13,7 toneladas por
hectare (+10% face a 2010).
Nos pomares de pessegueiros, os fortes ataques de lepra e moniliose
causaram prejuízos, em particular nas variedades mais tardias e
sobretudo na região Oeste, condicionando as produtividades, que
deverão registar quebras na ordem dos 10% face a 2010.
Míldio condiciona severamente as produtividades das vinhas
As condições climatéricas observadas ao longo do ciclo de
desenvolvimento da vinha, em especial durante os meses de Abril e Maio
(com a conjugação de temperaturas, precipitação e humidades relativas
elevadas), foram altamente favoráveis ao desenvolvimento de doenças
criptogâmicas, sobretudo do míldio, que se instalou em muitas vinhas
numa fase em que esta cultura é particularmente sensível a estes
ataques. A intensidade dos prejuízos dependeu, entre outros factores,
da susceptibilidade das castas à doença e da oportunidade e eficácia
dos tratamentos fitossanitários realizados, sendo que em muitos casos
a produção ficou irremediavelmente perdida. Assim, prevê-se uma
redução de 25% no rendimento unitário nas vinhas para vinho e de 10%
nas vinhas para uva de mesa.
Amêndoa: campanha decorre com normalidade
Com a colheita prestes a iniciar-se, constata-se que as condições
climatéricas favoráveis ocorridas na altura da floração e vingamento
do fruto beneficiaram o desenvolvimento da amêndoa, pelo que se prevê
um aumento significativo da produtividade (+15%) face à campanha
anterior.
Produção de cereais de Outono/Inverno atinge mais um mínimo histórico
Encontra-se já praticamente concluída a colheita dos cereais
praganosos de Outono/Inverno. As produções confirmam as fracas
expectativas previstas ao longo da campanha, com quebras face a 2010
que atingem os 25% no trigo mole, trigo duro, triticale e cevada e os
20% na aveia. Estas reduções são consequência da diminuição das áreas
semeadas e da quebra das produtividades originada pelas condições
climatéricas extremamente adversas que se verificaram ao longo da
campanha, nomeadamente o excesso de precipitação que condicionou o
acesso às searas (atrasando ou impedindo a realização de adubações e
mondas) e provocou situações de acama. De referir ainda que a baixa
produção e má qualidade do grão fez com que muitos agricultores
optassem pelo corte para feno ou mesmo pelo pastoreio das searas. O
centeio constituiu a excepção a esta tendência, prevendo-se a
manutenção da produção face ao ano anterior.
Batata de sequeiro regista quebra de produção
A produção de batata de sequeiro foi afectada pelos intensos ataques
de míldio e alternariose, em particular nas zonas em que o teor de
humidade do solo foi muito elevado, situação que pode propiciar o
desenvolvimento destas doenças e simultaneamente dificultar o acesso
das máquinas aos campos para a realização dos tratamentos
fitossanitários. A produção desta campanha deverá rondar as 31 mil
toneladas, menos 10% que em 2010. A qualidade dos tubérculos colhidos
é boa, havendo no entanto uma elevada quantidade de batatas de baixo
calibre. Nos casos em que se manifestaram os ataques de míldio e
alternariose existem preocupações acrescidas relativamente à
capacidade de conservação dos tubérculos.
Cereja com campanha aquém das expectativas
A produção de cereja, apesar de ter aumentado 30% face a 2010,
situando-se um pouco acima da média do quinquénio 2006-2010, não
traduz, contudo, um cenário propriamente animador uma vez que, à
excepção de 2006, os últimos anos têm apresentado valores de
produtividade muito abaixo do normal. De referir ainda que o
vingamento dos frutos foi particularmente elevado, mas por diversas
razões (deterioração do fruto na fase de maturação, baixo calibre ou
fraca procura de determinadas variedades) alguma produção não foi
colhida.
Fonte: INE
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/08/18g.htm

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