terça-feira, 23 de agosto de 2011

Saiba como ganhar com a agricultura sem cultivar

Investimento
Luís Leitão
21/08/11 11:50

Comunidade
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Em cinco anos as 'commodities' agrícolas viveram uma autêntica
montanha russa de emoções.

Os bens agrícolas estão novamente na ordem do dia. A subida
espectacular de 82% do índice que replica a evolução da cotação dos
contratos de futuros de sete bens agrícolas - DJ UBS Agriculture -,
entre Junho de 2010 e Março deste ano, fez com que alguns investidores
se lembrassem do 'boom' das 'commodites' de 2008.
Nessa altura, o trigo, que desde Julho soma uma valorização de 14,4%,
chegou a ser negociado por 12,8 dólares por alqueire. Hoje está a ser
negociado por 7,6 dólares. O mesmo sucedeu com o milho, que nos
últimos 12 meses escalou 67% e hoje está a ser negociado por 7,3
dólares o alqueire, o preço mais elevado de sempre, ultrapassando em
10% o valor máximo que chegou a ser transaccionado em 2008. Números
explosivos que tornam-se ainda marcantes quando se sabe que o último
pico das 'commodities' agrícolas, que durou entre 7 de Junho de 2010 e
4 de Março deste ano, foi gerado em metade do tempo do 'boom' de 2008.
Se a lei da gravidade se aplicar agora como no passado, é de esperar
que os preços dos bens agrícolas mergulhem numa queda livre na
proporção inversa à da subida. Mas essa não é a opinião de Gertjan van
der Geer, gestor do Pictet Agriculture, que nos últimos dois anos
alcançou uma rendibilidade média anual de 12%. O especialista
considera que "estamos a testemunhar uma forte procura por produtos
como fertilizantes e maquinaria agrícola" e, por isso, as perspectivas
para o sector são "muito positivas". Mais ainda se as previsões de Dan
Basse, presidente da AgResource, uma das mais importantes casas de
negociação de matérias-primas de Chicago, se concretizar. Segundo
estimativas de Basse, o mundo precisa de cerca de 10,3 milhões de
hectares de nova terra por ano para a produção de alimento, só para
manter os 'stocks' estáveis", revelou recentemente o especialista ao
jornal britânico "The Guardian".
Para os investidores que não tenham nem quintas nem fortunas
semelhantes à de Américo Amorim, Henrique Granadeiro ou José Roquete
mas que, mesmo assim, queiram andar de enxada às costas para cavar
ganhos no universo da agricultura, os mercados financeiros podem ser
uma alternativa a estudar.
Há disposição dos pequenos investidores que queiram ganhar exposição a
estes activos, estão os contratos e os mini-contratos de futuros, as
opções financeiras e os cada vez mais populares fundos cotados (ETF) e
certificados cotados (ETN), que limitam-se a replicar a evolução de um
ou vários bens agrícolas. É o caso do certificado iPath Dow Jones
AIG-Agriculture ETN, cotado em Nova Iorque, que replica o desempenho
de sete matérias-primas agrícolas.
Para os investidores que estejam à procura de uma maior
diversificação, a solução poderá recair para o PowerShares DB
Agriculture, negociado também na bolsa de Noa Iorque, que oferece aos
seus subscritores uma exposição a um conjunto de contratos de futuros
dos mais líquidos bens agrícolas do mundo como é o caso do milho,
açúcar, café, cacau e ainda cabeças de gado.

Henrique Granadeiro - Alentejo
O gestor Henrique Granadeiro está, há vários anos, ligado à produção
de vinho - possuindo mais de setenta hectares de vinha na região
alentejana de Reguengos. Depois das lutas que encheram os jornais
entre a PT e a Sonae, Granadeiro acabou por deixar funções executivas
na operadora e tem-se dedicado mais aos vinhos. A produção tem a
marca-chapéu 'Granadeiro', mas subdivide-se em várias derivações. Para
além do mercado interno, o também ex-político tem avançado com uma
estratégia de exportação, o que permite - para além do aumento da
facturação - consolidar os investimentos. Uma nota curiosa: Henrique
Granadeiro foi o 'pai' do 'Pêra Manca', um dos vinhos mais famosos do
mercado nacional.
Joe Berardo - Setúbal, Bairrada
As ligações do empresário Joe Berardo ao vinho começaram com a
aquisição da Bacalhoa - uma quinta produtora emblemática na região da
Península de Setúbal (foi construída no século XV). De então para cá,
o accionista do BCP nunca mais deixou de espreitar para o sector.
Acabou por comprar a Aliança (região da Bairrada) e, tal como sucede
em vários outros sectores, não passou sem gerar polémica, quando
decidiu comprar uma posição importante na Sogrape, a maior empresa de
vinhos do país. A família que detém o controlo do grupo, os Guedes,
não gostou da investida e o caso arrasta-se em tribunal. Entretanto,
Berardo promete periodicamente investir na região do Douro, mas até
agora ainda não concretizou a 'ameaça'.
Américo Amorim - Douro
Descontando o facto de a cortiça ser um produto da natureza, Américo
Amorim ligou-se verdadeiramente à agricultura por via da produção de
vinho - através da compra da Burmester. Mais tarde, acabaria por abrir
uma nova frente, desta vez na produção e comercialização de carne de
porco de Barrancos. Mas a aventura acabou tão depressa como começou: a
Burmester acabou por ser vendida, assim como a Barrancarnes, e Américo
Amorim ficou apenas detentor da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo,
onde a filha Luísa lidera um projecto que, para além do vinho,
contempla o enoturismo. A quinta, erigida em 1764, continua a produzir
excelestes vinhos e o lugar merece, a todos os títulos, ser visitado.
José Roquette - Alentejo, Douro
Gestor e empresário desde sempre ligado ao sector da banca - e
nomeadamente ao grupo BES - José Roquette acabou por entrar no
dia-a-dia da generalidade dos portugueses por via do desporto, quando
foi presidente do Sporting. Depois dessa aventura, acantonou os seus
interesses na Finagra, que tem na Herdade do Esporão o seu principal
activo. Roquette acabou, entretanto, por diversificar. Duplamente: não
só em termos de produção (azeite, queijos, etc.) como também de
região. Um dos últimos investimentos do grupo deu-se no Douro, com a
compra, em 2008, da Quinta dos Murças. Parte substancial da produção
segue para as exportações, o que tem ajudado a Finagra a ascender ao
lugar de uma das maiores empresas de vinho do país.
Belmiro de Azevedo - Marco
Belmiro de Azevedo começou a sua aventura pessoal na agricultura pelos
vinhos verdes - oriundos de uma quinta que possui no Marco, cidade
onde nasceu. Mas depressa lhe tomou o gosto: depois de deixar o
destaque executivo para o filho Paulo, Belmiro tem investido vários
milhões de euros na Prosa - empresa que se dedica à produção e
comercialização de frutos. E como Belmiro de Azevedo não costuma ficar
pela rama, contratou o antigo presidente do Instituto do Vinho do
Douro e Porto, Jorge Monteiro, para liderar a Prosa - que já factura
cerca de três milhões de euros por ano. A empresa também contrata
produtores externos - pelo menos no que diz respeito ao kiwi, segmento
em que o patrão da Sonae quer ter lugar de destaque.
Lobo Xavier - Paredes
Dirigente político do CDS/PP, advogado de referência na área fiscal e
gestor de uma infinidade de empresas, António Lobo Xavier ainda
descobriu interesse e vagar para se dedicar a um projecto pessoal na
área da agricultura. Lobo Xavier escolheu a região dos vinhos verdes
para se transformar, também, em produtor. A quinta de Lobo Xavier fica
na região de Paredes e o vinho tomou o nome de Casa da Gazalha. A
quinta, que tem o mesmo nome, produz também uma série de hortícolas e
Lobo Xavier diversificou para a produção de carne. Segundo conta, as
vendas de vinho - que se tornaram mais sérias a partir de 2006 - têm
corrido bem e o produtor não costuma ter que guardar vinho em casa - o
que, sendo verde, não conviria nada.
Vera Nobre da Costa - Estoril
Vera Nobre da Costa levou uma vida profissional de grande agitação até
chegar ao topo executivo da agência de publicidade Young & Rubican (em
1993). Quando atingiu os 50 anos de idade decidiu que já chegava. E,
para além de ter cortado com a maioria dos seus compromissos
profissionais, Vera Nobre da Costa decidiu construir, na sua casa do
Estoril, um pomar Zen. Construir não será o termo certo: criar parece
ser mais apropriado para nomear uma arte que surgiu no Japão no muito
longínquo século VI. Neste caso, o que o pomar fornece em termos de
fruto parece ser aquilo que menos conta, mas não deixa de ser uma
aposta na fruticultura. O marido de Vera Nobre da Costa está também
ligado à produção de vinhos.
http://economico.sapo.pt/noticias/saiba-como-ganhar-com-a-agricultura-sem-cultivar_124800.html

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