quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Vinho: fresco, aromático e...sem álcool

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9 de Agosto, 2011
Retirar o álcool ao vinho significa um sacrilégio para muitos. Mas
para quem não bebe vinho por motivos profissionais ou de saúde esta
pode ser uma boa solução. «O sabor fica o mesmo ou extremamente
parecido. Em prova cega é difícil detectar as diferenças», garante ao
SOL António Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca, que
exporta vinho para mais de 50 países.

A produtora lançou em 2010 o Lancers Free Rosé, cuja graduação
alcoólica é de 0,5% – para um vinho ser reconhecido como tal pela
União Europeia precisa de ter pelo menos 7%. Tratou-se de uma aposta
num nicho de mercado, mas as vendas correram bem e, pouco depois, a
empresa criou um Lancers branco sem álcool. E em cerca de dois anos
vendeu mais de 250 mil garrafas: «Os resultados superaram largamente
as expectativas».
A ideia surgiu na sequência da oferta já existente de outras bebidas
sem álcool, como a cerveja. «No nosso caso, já detínhamos a tecnologia
que nos permitia 'desalcoolizar' o vinho e pensámos que tinha chegado
o momento de lançar esta inovação no mercado», esclarece Soares
Franco, justificando a escolha da Lancers com o facto de esta ser «uma
marca jovem e reconhecida como uma referência nos rosés portugueses».
E também muito apreciada por estrangeiros – aliás, mais de metade da
produção é exportada.
O processo «puramente físico» é feito com uma destilação por vácuo
conseguida através de um processo chamado spinning cone, que retira o
álcool com a ajuda do vapor e o separa do líquido.
A mesma tecnologia é usada pela produtora de vinhos espanhola Torres
que há cerca de um ano trouxe para Portugal o seu Natureo, também um
branco sem álcool.
Isto porque o processo de 'desalcoolização' não funciona tão bem com o
vinho tinto. O presidente da José da Maria da Fonseca esclarece que «a
tecnologia ainda não permite oferecer um produto com a mesma qualidade
do branco ou do rosé».
Paulo Amorim, da Vinalda, distribuidora portuguesa da Torres, também
não prevê que num futuro próximo a empresa espanhola avance com mais
vinhos sem álcool, além do Natureo – o objectivo da produtora é que o
vinho não tenha álcool, mas que o sabor «se mantenha completamente
inalterado».
Na sua opinião, a maior vantagem é mesmo a despreocupação com os
efeitos secundários do álcool, o que pode evitar acidentes
rodoviários. «Pode beber-se um vinho fresco, aromático, a acompanhar
pratos de peixe e de marisco grelhado ou cozido, sem preocupações com
o álcool», realça.
Apesar disso, Paulo Amorim considera que o mercado em Portugal «é
ainda muito céptico».
Talvez o facto de ser uma bebida que engorda menos venha a atrair
alguns interessados nesta novidade vínica, uma vez que a maior parte
das calorias de um copo de vinho se devem ao álcool que contém.
Os dois Lancers, por exemplo, têm apenas um quarto das calorias do
vinho original. Já o Natureo tem 19 calorias.
Não indicado a alcoólicos
O nutricionista César Valente confirma a redução de calorias, mas
sublinha que a bebida só tem interesse, do ponto de vista nutricional,
se mantiver as propriedades benéficas que lhe são atribuídas – ser um
antioxidante.
Apesar da redução da quantidade de álcool em relação aos vinhos
convencionais, o especialista não o recomenda a alcoólicos. Só o
simples facto de beberem um copo pode «activar os mecanismos cerebrais
que relembram a adição», garante. E dá o exemplo da cerveja, também
sem álcool, em que se verificam taxas de recaída «muito superiores»,
do que nos casos em que a bebida foi excluída do regime alimentar.
César Valente considera ainda que é difícil os portugueses adoptarem
estes vinhos: «Um bom vinho é associado a uma graduação alta».
Daí que a vantagem de um Lancers rosé ou de um Natureo branco, aos
olhos deste especialista, seria mesmo o da condução livre de álcool.
Isto porque a cada um destes vinhos corresponde «a mesma quantidade de
álcool que existe num copo de sumo de laranja», afirma André
Magalhães, especialista em ciências gastronómicas.
À mesa, são um bom acompanhamento de pratos leves, como «saladas frias
de massa ou arrozes e caldos ligeiros», pois o seu sabor é «menos
complexo».
Tags: Vida
http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=26054

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