segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Cada vez mais pedidos de eutanásia indignam veterinários

DIA DO ANIMAL
por LusaHoje

Há cada vez mais donos a pedirem a veterinários para abaterem os seus
cães e gatos sem justificação clínica, o que revolta estes
profissionais e as zoófilas, para quem, em tempo de crise, é que os
amigos (dos animais) se conhecem.
"Sabemos de muitas pessoas que nunca deveriam ter tido um animal e
que, à menor dificuldade, se querem livrar dele, nem que seja através
da eutanásia, o que é revoltante", disse à agência Lusa a presidente
da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal (LPDA), a propósito do Dia
Mundial do Animal, que se assinala na terça-feira.

"Os pedidos de eutanásia de que vamos tendo conhecimento são cada vez
mais. É revoltante e, principalmente, preocupante", disse.
Para Maria do Céu Machado, "não há nada que justifique a morte de um
animal sem motivos clínicos" e é isso mesmo que os voluntários tentam
transmitir aos donos.
Igual papel desempenham os veterinários, que se veem a braços com
estes "pedidos incompreensíveis". Ana Marques, médica veterinária e
diretora da Clínica VetBelas, em Belas, disse à Lusa que desde o verão
que tem recebido várias solicitações neste sentido, as quais recusa
"veementemente".
"O meu papel é salvar vidas e não acabar com elas. Quando me propõem
tal coisa, tento explicar -- e ajudar -- que há solução clínica para o
caso do animal ou, se o dono não quer ficar com ele, que pode optar
por dá-lo para adoção", referiu.
"Chegam-me os casos mais bizarros. Querem, mesmo por telefone, a
garantia de que eu abato o animal, até sem o observar clinicamente.
Quando me recuso, não hesitam em dizer que o vão fazer em outro lado",
contou.
Para Ana Marques, não é a crise que justifica um ato destes --
eticamente reprovável para estes profissionais --, pois "há muitos
donos que mal têm dinheiro para comer e, no entanto, são cumpridores e
prestam assistência ao seu animal, mesmo que isso represente ficarem
sem uma refeição ou um medicamento".
A veterinária conhece bem este tipo de donos que "se quer livrar do
animal a qualquer custo": "Eles traem o que sentem e o que são, além
de, normalmente, trazerem um animal que já revela sinais de
negligência".
Gonçalo da Graça Pereira, médico veterinário e mestre em etologia
clínica e bem-estar animal, disse à Lusa que não tem recebido muitos
pedidos de eutanásia, mas sente cada vez mais o impacto da crise na
bolsa dos donos.
"Trabalho numa associação zoófila que, por praticar preços mais
baixos, tem cada vez mais procura. São donos que querem muito ajudar o
seu animal", disse.
Este médico veterinário já se recusou a fazer eutanásia, por
considerar que essa era apenas uma hipótese e não a última alternativa
para o animal em questão.
" Ordem dos Médicos Veterinários não tem chegado informação do aumento
de pedidos de eutanásia, como disse à Lusa a bastonária Laurentina
Pedrosa.
"Do que sabemos, a eutanásia está a acontecer nas situações previstas
de método clínico quando não existe outra solução clínica para a saúde
do animal", observou.
A bastonária deixa, contudo, um alerta: "A eutanásia deve ser
praticada em situações extremas e só quando não houver alternativa
clínica".
Laurentina Pedrosa recorda que o papel do veterinário não é apenas
clínico, mas deve ajudar a encaminhar o animal para outra solução,
sempre que se aperceba de que os donos não estão em condições de lhe
assegurar bem-estar.
Todos os anos é comemorado no dia 4 de outubro o Dia Mundial do
Animal, com o objetivo de chamar a atenção para as espécies em
extinção, os maus tratos e exploração dos animais, assim como a
importância dos animais para a sociedade
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2031907&page=-1

1 comentário:

Anónimo disse...

Animais somos todos nós! Era importante não nos esquecermos do património biológico e genético que partilhamos com quem nos alimenta, nos compreende, nos aceita incondicionalmente e é responsável pela dimensão estética do nosso mundo, os nossos four-legged planet mates.

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