domingo, 4 de dezembro de 2011

AO: Instituto Médio de Agricultura é celeiro de técnicos agrários

Cristina da Silva | Waku-Kungo - HojePartilhar Tamanho da letra
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O Instituto Médio Agrário da Cela é uma das apostas do Executivo para
formação de técnicos médios agrários de qualidade
Fotografia: Mota Ambrósio
Em três anos de existência, o Instituto Médio Agrário da Cela,
província do Kwanza-Sul, já formou 159 técnicos. São jovens oriundos
de todo o país em busca de uma formação.
Até à altura em que se inscreveram nos cursos, muitos destes jovens
não tinham nenhuma informação na área que escolheram. Ao longo do
tempo as coisas foram se tornando mais simples.
Sexta-feira, 25 de Novembro, passou a ser uma data especial para
centenas de estudantes finalistas que concluíram com êxito a sua
formação no Instituto Médio Agrário da Cela. A satisfação estava
estampada no rosto de quem acabava de defender o seu trabalho de fim
curso. O local escolhido para a cerimónia foi o anfiteatro daquela
instituição do ensino médio.

Diante cinco professores que constituíam o júri, os estudantes
apresentaram-se para o acto que marcava a conclusão do curso.
Cada estudante finalista tinha 15 minutos para defender o seu trabalho
de fim de curso. No final de cada apresentação, as palmas ecoavam pela
sala e a ansiedade por uma nota positiva tomava conta dos finalistas.
Hilário Carvalhães João, 20 anos, finalista do curso de produção
vegetal, obteve 17 valores pelo seu trabalho. Os colegas e familiares
que assistiam ao acto, aplaudiram o seu desempenho.
O jovem, natural do Sumbe, capital do Kwanza-Sul, estudou no instituto
em regime de internato. Proveniente de uma família de fazendeiros,
Hilário pretendia formar-se em agro-pecuária, "mas aqui só podia
escolher um. Então escolhi o curso de produção vegetal que é a área
que mais gosto", disse o estudante. Três anos passaram e Hilário já
pensa no próximo desafio. Em 2012, ingressa na Faculdade de Ciências
Agrárias do Huambo. "Quero continuar a formação e vou mudar-me para o
Huambo para concluir a minha formação superior", disse.

Para mostrar que os três anos em que estudou no instituto não foram em
vão, Hilário demonstrou à nossa reportagem o que aprendeu: "para
considerarmos o tempo de vida de um vegetal depende da variedade da
planta ou tipo. Se for uma hortaliça, o tempo de vida vai até 90 dias.
E se forem plantas que ficam cinco anos no sol, podemos utilizar
técnicas melhoradas para manter a sua vitalidade", explicou o
estudante.
Jéssica Cardoso, outra finalista do curso de produção vegetal, obteve
18,4 valores na defesa do seu trabalho de fim de curso. A jovem saiu
da Gabela, a 150 quilómetros, de Waku Kungo, para fazer a sua formação
média. A faixa de finalista que levava era motivo de elogio por parte
dos colegas.
Enquanto uns acabavam de fazer a sua defesa, outros aguardavam
ansiosos pela sua vez. Uriel Francisco e Cândido Segunda, ambos de 20
anos, procuram recapitular a matéria para o grande momento.
Os dois estudantes são do Wako Kungo e estudaram em regime externo no
curso de produção animal. Uriel Francisco disse que "temos de ser
optimistas quanto aos resultados. Merecemos pelo menos 18 valores,
pois estamos bem preparados para uma boa defesa".
Surânia Fernando nunca tinha saído de Luanda, sua terra natal, para
outra província, até que chegou o momento em que tinha de escolher
entre estudar fora da capital ou ficar fora do sistema de ensino. Hoje
exibe com satisfação o seu diploma de técnica média. "O meu sonho era
fazer medicina, mas como não consegui ingressar no curso médio de
enfermagem em Luanda, não tive outra opção, senão mudar para Wako
Kungo para fazer o curso de produção animal", contou Surânia, que já
está de malas feitas para a província do Huambo onde vai dar
continuidade aos seus estudos na Faculdade de Ciências Agrárias.
No internato do Instituto, Surânia e Conceição, outra finalista,
partilharam o mesmo quarto e seguiram a mesma área de formação. As
duas jovens, de apenas 20 anos, querem terminar o curso superior e
ajudar no crescimento e desenvolvimento do país.
Curso de Gestão agrária
O Instituto Médio Agrário da Cela faz parte de sete institutos criados
pelo Executivo angolano em todo o país. Com uma capacidade de 1.050
alunos, a instituição conta também, além dos cursos básicos de
auxiliares de mecanização agrícola, de produção animal e de
agricultura, os cursos médios de produção vegetal e animal e gestão
agrária, curso que arrancou no ano lectivo 2011.
O director do instituto, Luís João disse que a instituição funciona
em regime de internato e externato e cumpre o programa da reforma
educativa em curso no país. O facto de estar localizado numa zona
agrícola, torna o instituto privilegiado, pois para além de aulas
teóricas, os estudantes têm contacto permanente com o campo.
Luís João disse que o instituto conta com um campo experimental onde
são realizadas aulas práticas e experiências. "No campo são feitas
experiências com sementes, tomate, repolho, cebola, muitos dos quais
servem para trabalho de fim de curso", disse.
Os laboratórios de química, física e biologia possuem reagentes e o de
informática está completamente equipado, o que torna possível no fim
do curso o estudante sair com conhecimentos apurados da área em que
cursou, esclareceu o director Luís João, para quem o Projecto Aldeia
Nova, localizado na região, é um dos grandes suportes do instituto.
Luís João explicou que muitos jovens formados na instituição, em vez
de irem para o mercado de trabalho, optam por continuarem os estudos a
nível superior. "Temos orgulho em dizer que 90 por cento dos nossos
estudantes aprovaram no teste de admissão para a universidade", disse,
acrescentando que as inscrições no Instituto Médio Agrário da Cela
para o próximo ano lectivo começam em Janeiro e os cursos vão
continuar a ser os mesmos."Convidamos os jovens de outras províncias e
municípios a inscreverem-se e a concorrerem às vagas existentes,
principalmente para o internato", disse.
Regime de internato
Os estudantes provenientes das províncias e municípios sem familiares
no Wuako Kungo são acolhidos no internato do instituto localizado no
interior da instituição. É constituído por três blocos com capacidade
para 250 estudantes. O Instituto tem água canalizada, energia
eléctrica, um relatório e um campo polivalente.
"Não existe nenhum critério para estar no internato. Basta que o
estudante queira estudar no instituto e que venha de longe", explicou,
acrescentando que, além dos três blocos conta ainda com 26 moradias,
de dois quartos cada, para os professores estrangeiros e a direcção da
escola. Os produtos produzidos nos campos de experimentais servem
também para ajudar na dieta alimentar dos estudantes, uma vez que
estes dependem integralmente da instituição.
Trabalhos arquivados
A directora pedagógica da instituição, Júlia Fernandes, garantiu que
os trabalhos de fim do curso dos estudantes do Instituto Médio Agrário
da Cela estão a ser arquivados na biblioteca daquele estabelecimento
de ensino.
Júlia Fernandes, que coordenou o júri de fim do curso do ano lectivo
2011, disse que todo o trabalho científico é uma obra em aberto para
que os próximos estudantes da instituição e não só possam estudá-la e
melhorar o que for possível.
"É importante que os estudantes valorizem aquilo que aprenderam e isto
passa também pelo arquivo de registo escrito dos trabalhos", disse a
directora pedagógica. A defesa do curso feito com base no regulamento
de aptidão profissiona, explicou,l avaliou a qualidade do trabalho,
estética, eloquência, capacidade de resposta e a apresentação do
aluno.
Para Júlia Fernandes, a apresentação e entrega dos estudantes foi
melhor do que a do ano passado. "A entrega foi aceitável, uma vez que
um dos aspectos avaliados foi a qualidade do trabalho", disse a
directora pedagógica.
http://jornaldeangola.sapo.ao/25/0/instituto_medio_de_agricultura_e_celeiro_de_tecnicos_agrarios

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