sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A floresta não se faz de voluntariado!

ANEFA COMUNICADO

O "voluntariado florestal da Sr.ª Ministra da Agricultura"
Foi com grande indignação e preocupação que a ANEFA – Associação
Nacional das Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente ouviu ontem
o discurso da Sr.ª. Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente, e
Ordenamento do Território, demonstrando uma falta de respeito pelo
setor florestal e por quem nele trabalha.
Sendo a ANEFA a única associação que representa os que fazem floresta,
na verdadeira acepção da palavra, desde o projeto, ao viveirista, ao
preparador de terreno, ao plantador e ao que corta a floresta, não
podemos aceitar que a Sr.ª Ministra revele o desconhecimento do que é
fazer floresta, colocando a possibilidade de qualquer um plantar uma
árvore como se de uma coisa simples se tratasse, sem qualquer ciência,
para a qual não é precisa qualquer formação, não trazendo dignidade,
ao trabalho de quem diariamente o realiza com saber e experiência.
A ANEFA apoia efectivamente o trabalho voluntário de plantação de
árvores, em casos esporádicos, eventos mediáticos e simbólicos que
possam levar a sociedade civil a ter uma percepção mais realista, mas
simbólica, de algum trabalho florestal, e assim criar laços duradouros
entre floresta e população em geral. Prova disso, é que a própria
ANEFA é mentora de um projecto de reflorestação de áreas degradadas, o
Pronatura, contribuindo desta forma para a sensibilização do público
em geral.
No entanto, a ANEFA não apoia o uso e abuso de trabalho voluntário, de
forma sistemática e em grande escala, para plantar "milhões" de
árvores em terrenos baldios ou outros.
Não conseguimos, por isso entender como é que, numa altura em que se
procura promover a iniciativa empresarial que é fundamental para a
criação de emprego, a Sr.ª. Ministra venha falar de plantar milhões de
árvores recorrendo ao trabalho voluntário. Talvez esta opção sirva
para justificar a falta de dinheiro que deveria ser atribuída à
floresta, que representa 15% das exportações nacionais, em programas
como o PRODER ou o Fundo Florestal Permanente, que tendo sido criado
para ajudar a floresta, não foi utilizado até hoje para plantar ou
cuidar de uma árvore.
Sendo a floresta, um dos maiores sectores exportadores do nosso país,
convém lembrar à Sr.ª. Ministra da Agricultura, que esse trabalho não
foi à custa de voluntariado, mas sim de empresas de pessoas com
formação académica para o fazer, utilizando as tecnologias mais
recentes que existem por todo o mundo.
Pelo exposto, consideramos ser dever da ANEFA, e assim o faremos,
fiscalizar e reportar junto da ACT, todo o trabalho florestal que não
se encontre ao abrigo do Contracto Colectivo de Trabalho, que não
esteja coberto com Seguro de Acidentes de Trabalho à taxa mais elevada
do mercado, que não apresente as devidas Fichas de Aptidão (HST) e não
cumpra com as normas de uso de Equipamentos de Protecção Individual
(EPI´s), que não contribua para a Segurança Social e IRS, que não
cumpra com a formação legalmente exigida para desempenhar tarefas
específicas, bem como com todas as normas e formalidades legais e
laborais a que as empresas estejam obrigadas.
De facto, não se consegue sequer entender que, ao fim de se gastar
esforços e dinheiro com a certificação e a gestão florestal
profissional, e até mesmo as afirmando como desígnios do Estado, venha
agora o mais alto representante do nosso Ministério da Agricultura
afirmar que o trabalho na floresta pode afinal ser voluntário.
Resta-nos perguntar para quando os ministros voluntários?
A Direcção da ANEFA
Lisboa, 15 de Dezembro de 2011


http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/12/16c.htm

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