sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

INE: Rendimento da Actividade Agrícola diminui 10,7% em 2011

A primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura (CEA) para
2011 regista um decréscimo de 10,7%, em termos reais, do Rendimento da
Actividade Agrícola, por unidade de trabalho. O Rendimento de Factores
deverá diminuir 13,6%, em consequência do decréscimo dos Outros
Subsídios à Produção (-18,2%) e do Valor Acrescentado Bruto (VAB). O
decréscimo do VAB (-10,2%) resulta de uma diminuição de 0,6% da
Produção e de um acréscimo do Consumo Intermédio de 5,3%, em termos
nominais.
O Instituto Nacional de Estatística divulga a primeira estimativa das
Contas Económicas da Agricultura (CEA) para o ano de 2011. No Portal
do INE, na área do domínio dedicada às Contas Nacionais (secção das
Contas Satélite), é possível aceder a quadros adicionais com
informação mais detalhada. Em conformidade com o regulamento das CEA,
em 31 de Janeiro será efectuada segunda estimativa, a divulgar também
no portal.

Estima-se, para 2011, um decréscimo nominal, embora ligeiro, da
Produção do Ramo Agrícola a preços de base (-0,6%) e um aumento do
Consumo Intermédio (+5,3%). O VAB deverá diminuir 10,2% em termos
nominais, reflectindo a diferença significativa de amplitude na
evolução dos preços na produção (+0,8%) e no Consumo Intermédio
(+8,7%).
O decréscimo do Rendimento de Factores será ainda mais acentuado que o
do VAB, estimando-se que atinja 13,6% devido à evolução dos Outros
Subsídios à Produção (-18,2%). Em termos reais, tendo como referência
o deflactor do PIB, o Rendimento de Factores deverá decrescer 14,4%, o
que, associado a uma redução de 4,2% do Volume de mão de obra agrícola
(VMOA), deverá conduzir a um decréscimo real de 10,7% do Rendimento de
Factores, por unidade trabalho/ano, em relação a 2010 ("Indicador A").
A produção agrícola de 2011, mais concretamente a produção vegetal,
deverá ser afectada pela adversidade das condições climatéricas,
nomeadamente pela abundante precipitação no inverno e pelas
temperaturas elevadas na primavera e no verão, que dificultaram os
trabalhos de sementeira e prejudicaram o desenvolvimento das culturas.
A Produção do Ramo Agrícola deverá diminuir, em volume, 1,3%. Esta
evolução reflecte comportamentos distintos das componentes da
produção, com Produção Animal a aumentar 0,4% e a Produção Vegetal a
diminuir 2,7%.
PRODUÇÃO VEGETAL
Em termos nominais, estima-se que a Produção Vegetal diminua 5,4% face
a 2010, em resultado de variações negativas em volume (-2,7%) e preço
(-2,8%). As culturas com contributos mais significativos para estes
decréscimos em valor foram os Vegetais e Produtos Hortícolas e o
Vinho.
No caso dos Vegetais e Produtos Hortícolas, a redução em volume
(-1,6%) deve-se, sobretudo, ao tomate para a indústria. Efectivamente,
apesar da manutenção da ajuda transitória ter contribuído para a
renovação de contratos entre organizações de produtores e industriais,
a campanha de produção de tomate foi prejudicada pela precipitação
intensa, que deteriorou a produtividade. Esta campanha de produção foi
a última a beneficiar da ajuda transitória, sendo este subsídio
doravante integrado no Regime de Pagamento Único (RPU). Em termos de
preço, os Vegetais e Produtos Hortícolas registaram um decréscimo de
8,5%, para o qual contribuiu, entre outros factores, o surto de E.coli
e os elevados preços que tinham sido observados no tomate para consumo
em 2010.
Relativamente ao Vinho, as condições climatéricas penalizaram o estado
sanitário das uvas, conduzindo a um decréscimo no volume produzido
(-17,1%). Contudo, a qualidade do Vinho não terá sido comprometida.
PRODUÇÃO ANIMAL
Para 2011, prevê-se que a Produção Animal registe um acréscimo de
5,6%, em valor, destacando-se os acréscimos nominais nos Bovinos e
Leite (+16,0% e +11,4%, respectivamente). Em termos gerais, o volume
da Produção Animal deverá aumentar ligeiramente (+0,4%) e os preços de
base deverão crescer 5,2%.
De facto, a menor disponibilidade de bovinos para abate (e de carne)
na Europa devido às exportações de animais vivos para países terceiros
(principalmente Rússia, Turquia e Líbano), propiciou um incremento no
abate destes animais. A consequente subida de preços na Europa
contribuiu para uma maior valorização desta carne, levando a um
aumento do preço no produtor.
Em relação ao Leite, antevê-se uma estabilização do volume produzido,
após dois anos de decréscimos. Relativamente ao preço de base,
estima-se um aumento de 11,4%, na sequência de alguma recuperação do
nível de preços comparativamente a anos anteriores (-11,8% em 2009 e
-3,1% em 2010) e de um aumento dos subsídios ao produto pagos em 2011.
No que se refere à produção de Suínos, deverá assistir-se a um
decréscimo nominal de 1,5%, decorrente de uma redução nos preços
(-2,1%), uma vez que o volume deverá permanecer semelhante ao do ano
anterior (+0,6%). A actividade tem registado um aumento de custos, sem
reflexos no preço do produto final. Além do incremento de preços da
alimentação animal, o baixo volume de exportação e as medidas recentes
no âmbito do licenciamento, bem-estar animal e condições sanitárias
das explorações, conduziram os produtores a encargos financeiros e
dificuldades que têm condicionado a possibilidade de se manterem em
actividade.
Para as Aves, estima-se um aumento nominal da produção (+2,7%), em
consequência do acréscimo do preço (+4,2%), dado que o volume deverá
diminuir 1,4%.
CONSUMO INTERMÉDIO e VAB
O CI deverá aumentar 5,3% em valor em 2011, em função do acréscimo dos
preços (+8,7%), uma vez que é expectável uma redução de 3,1% em
volume. Este decréscimo do CI, em termos reais, dever-se-á, sobretudo,
à variação negativa do volume no consumo de Alimentos para Animais
(-2,7%), resultante das dificuldades existentes ao nível das
explorações pecuárias. Em 2011, regista-se um aumento generalizado dos
preços dos meios de produção, com especial ênfase para os Adubos e
Correctivos do Solo (+18,9%), Energia e Lubrificantes (+14,3%) e
Alimentos para Animais (+13,2%).
Em termos de relação de preços entre a produção e as despesas
correntes da actividade, prevêem-se, assim, condições ainda mais
desfavoráveis para o produtor agrícola que as observadas em 2010,
situação que se tem observado com frequência na última década.
(Gráfico 5).
SUBSÍDIOS
De acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto de
Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP, I.P.) em finais de
Novembro, contemplando a previsão de montantes atribuídos até à
conclusão do ano e atendendo às directrizes de classificação de
subvenções enquanto subsídios instituídas pelo Regulamento das CEA
(Reg. (CE) 138/2004), perspectiva-se para o ano de 2011 uma variação
da atribuição de subsídios face ao ano de 2010 de -8,9%. Em
particular, estima-se para os Subsídios aos Produtos um crescimento em
termos nominais de 19,0% face ao ano anterior, enquanto que, por
oposição, os Outros Subsídios à Produção, de montantes
proporcionalmente mais significativos, deverão decrescer 18,2% face a
2010.
Embora, em termos relativos, se perspective para o ano de 2011 um
valor de subsídios totais atribuídos inferior ao ano de 2010,
atingir-se-ão níveis superiores a anos precedentes, nomeadamente 2009.
Efectivamente, é de recordar que em 2010 se procedeu à regularização
de subvenções atribuídas ao abrigo do RPU e no âmbito do
Desenvolvimento rural, o que contribuiu para um forte aumento do valor
das ajudas pagas.
INDICADOR DE RENDIMENTO
Retirando ao VAB o Consumo de Capital Fixo e adicionando os Outros
Subsídios à Produção líquidos dos Outros Impostos sobre a Produção,
obtém-se o Rendimento de Factores. Este deverá diminuir 13,6% em 2011,
reflectindo os decréscimos pronunciados no VAB e subsídios. Em termos
reais, tendo como referência o deflactor do PIB, o Rendimento de
Factores diminuirá 14,4%, o que, associado a uma redução de 4,2% do
Volume de mão de obra agrícola (VMOA), deverá conduzir a um decréscimo
de 10,7% do Rendimento de Factores, por unidade trabalho/ano
("Indicador A"), em relação a 2010. Desde 2000, 2011 deverá ser o ano
em que o Indicador A apresenta menor valor.
COMPARAÇÃO INTERNACIONAL
De acordo com dados do Eurostat1 observa-se que, tomando como
referência o ano de 2000, o sentido da evolução inter-anual do
indicador A para Portugal é semelhante ao da UE no primeiro quinquénio
da série em análise, sendo notório, porém, algum afastamento no
segundo quinquénio. Efectivamente, observa-se uma tendência de
melhoria a nível da UE e um agravamento deste indicador para Portugal,
o mesmo acontecendo em outros países com agricultura de índole
mediterrânica, como Espanha, Grécia ou Itália.
Quadro 1. Rendimento da Actividade Agrícola em 2011 - 1ª Estimativa -
Principais rubricas a preços de base
Fonte: INE http://www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui=131851710&att_display=n&att_download=y
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/12/15s.htm

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