sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Matérias-primas em 2011: muita parra, pouca uva

30 Dezembro 2011 | 09:38
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt
Partilhar
4

Imprimir|Enviar|Reportar Erros|Partilhar|Votar|Total: 0 VotosTamanho
Houve grandes subidas, mas também grandes correcções e fortes quedas.
2011 foi um ano instável para as "commodities". O saldo não é positivo
para a grande generalidade. Foi um ano de pouco "sumo", depois de uma
década dourada para a maioria destes produtos.
O ano de 2011 foi o mais volátil de sempre em matéria de investimento
em matérias-primas, segundo o Barclays Capital. Essa volatilidade foi
também notória na evolução dos preços. Foi um ano de grandes
sensibilidades, com altos e baixos ao sabor das conquistas e revezes
da economia mundial. Um ano em que a evolução dos dados

macroeconómicos, dos défices e das dívidas soberanas falaram mais alto
do que os fundamentais, puros e duros, da oferta e da procura.
Das 26 matérias-primas que fazem parte do índice de "commodities" da
Bloomberg, apenas 9 estão em terreno positivo no conjunto do ano.
Cinco delas pertencem ao sector energético (com variações no âmbito do
crude, gasóleo, gasolina), três à agricultura (sumo de laranja, milho
e porco magro) e uma aos metais: o ouro, que brilhou pelo 11º ano
consecutivo.
Na primeira metade do ano, a Primavera Árabe e a maior procura de
"commodities" por parte dos países emergentes animaram bastantes
activos, com destaque para o petróleo. No entanto, a crise da dívida
soberana na Zona Euro e os receios de que a Europa voltasse a
mergulhar na recessão, de par com os dissabores dos EUA em relação ao
défice, penalizaram a maioria das matérias-primas no acumulado destes
últimos 12 meses. Entre os poucos produtos que escaparam a este mau
desempenho de 2011 estiveram o petróleo, o ouro e os lacticínios.
Lacticínios e gado "salvaram" agricultura
No sector agrícola, as grandes vedetas do ano foram o leite e o
queijo, que registaram subidas de 28% e de 13%, respectivamente, no
mercado de mercadorias de Chicago. O gado vivo também apresentou uma
boa "performance".
O célebre investidor Jim Rogers disse esta semana que o sector
agrícola é uma das melhores apostas para os próximos anos. Isto porque
se prevê uma escassez de produto e até mesmo de agricultores, o que
fará subir os preços. "Se eu quisesse comprar alguma coisa, seriam
matérias-primas agrícolas", declarou Rogers numa entrevista à CNBC,
sublinhando que de par com a previsível escassez de produto estará o
crescimento da população mundial.
Adam Patti, CEO da gestora de investimentos IndexIQ, concorda com
Rogers. No seu entender, as empresas ligadas à indústria alimentar
serão bastante beneficiadas com o esperado aumento da procura global
de "proteínas mais complexas", como carne de vaca e de porco. Além
disso, a escassez sistémica da oferta, devido à finita quantidade de
terrenos agrícolas, contribuirá para esse movimento altista, sublinhou
Patti à "Cattlenetwork".
Mas nem todos os produtos da categoria agrícola se saíram bem este
ano. Do lado dos maus desempenhos, destaque-se por exemplo o açúcar,
que caiu fortemente desde o seu máximo de 30 anos em inícios de 2011,
quando marcou 36 cêntimos por libra-peso. Outra das matérias-primas no
vermelho foi o cacau. No mercado norte-americano, o cacau prepara-se
para fechar o ano a cair 30%, o que, a confirmar-se, será a maior
queda anual desde 1999.
Apesar das visíveis debilidades das matérias-primas agrícolas, muitos
analistas prevêem um melhor desempenho para 2012. Até porque os preços
bastante mais baixos que muitos destes produtos atingiram faz com que
fiquem muito mais atractivos para os investidores abrirem posições
altistas.
O interesse na exposição às "commodities" manteve-se elevado este ano,
mas houve uma tendência que ficou bem saliente: cada vez mais
investidores estão a apostar neste segmento através das acções de
produtores do sector, em vez de investirem na matéria-prima
propriamente dita, segundo a base de dados de ETFdb.
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=528355

Sem comentários:

Enviar um comentário