segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Mateus Rosé e Ferreirinha encaram crise como moda

DEZEMBRO: MÊS DAS MARCAS
por CARLOS DIOGO SANTOSOntem

Fotografia © Global Imagens
Sogrape. A empresa que hoje detém marcas como 'Mateus Rosé',
'Ferreirinha', 'Gazela' e 'Offley' nasceu durante a II Guerra Mundial.
"No campo dos vinhos, Portugal pode não ter o prestígio de França, mas
tem a mesma qualidade." É desta forma que Francisco Ferreira,
presidente do Conselho de Administração da Sogrape Vinhos, explica o
sucesso da "sua" empresa e dos vinhos portugueses em geral. Apostando
sempre na relação com o consumidor, esta empresa do Norte conseguiu
afirmar-se em Portugal e no mundo por ter a humildade de não impor os
vinhos que os responsáveis apreciam. "Tudo o que fazemos é testado
junto do consumidor; só abrimos excepção no caso dos vinhos de autor,
uma vez que dada a sua natureza não fazia qualquer sentido esta
política", continuou o responsável.

Entre as marcas mais conhecidas da Sogrape destacam-se o Mateus Rosé e
a Ferreirinha, mas a empresa detém ainda outras que são líderes de
mercado, como é o caso do Gazela, do Offley, do Porto Ferreira e do
Sandeman.
O prestígio dos seus vinhos e a dimensão da empresa no panorama
português são dois argumentos de peso para não temer a actual crise
económica. Mas há um terceiro factor que joga a seu favor: nasceu em
1942, durante a II Guerra Mundial. "Sabe, quem nasce em tempo de
guerra encara as crises como moda", acrescentou Francisco Ferreira, em
tom de brincadeira.
Sendo uma das marcas mais importantes, o Mateus Rosé esteve na base de
todo este sucesso, sendo o responsável pelo crescimento da empresa até
aos anos 1970. Só passados dez anos é que a Sogrape se aventurou na
produção do famoso vinho do Porto, inicialmente com o Porto Ferreira.
Porém, o sucesso foi tanto, que pouco tempo depois comprou outra das
mais importantes marcas daquele vinho - a Offley.
A aposta em produtos que fugiam ao tradicional Mateus Rosé ganhava
força e começava-se a traçar aquilo que hoje define este grupo: a
diversidade de marcas com respeito pela tradição de cada uma.
Mas a Sogrape estava ainda longe de alcançar o seu actual portefólio.
Com o passar dos anos, foi adquirindo mais vinhos, e a abertura ao
mercado externo era cada vez mais uma obrigação.
Apesar de já exportarem produtos para o estrangeiro há alguns anos, a
internacionalização da Sogrape surgiu nos anos 1990, com a compra de
uma empresa argentina. E esta não foi a única aquisição. Nos últimos
oito anos adquiriu mais marcas da Nova Zelândia e do Chile.
Dadas as suas dimensões, em 2008 foi necessária uma restruturação. Ou
seja, dentro do grupo Sogrape passou a existir a Sogrape internacional
- responsável pelas marcas de vinhos de outros países - e a Sogrape
Vinhos, que é, no fundo, a empresa detentora das marcas portuguesas e
da raia espanhola pertencentes ao grupo.
E ao longo de todos estes anos, parecem ter conseguido sempre alcançar
o principal objectivo, que é não ter marcas que concorram entre si.
"Não temos nem queremos ter marcas que sejam rivais. Todos os nossos
vinhos são diferentes e cada um tem uma altura específica para ser
consumido", assegurou o responsável.
Para esta aposta na complementaridade foi determinante a preservação
de cada uma das tradições e histórias, ainda que o consumidor tenha
sempre uma palavra a dizer. "É muito interessante perceber como os
diferentes vinhos se consomem em idades diferentes; isso é resultado
de o nosso palato estar sempre a evoluir", disse, acrescentando que
uma das preocupações da Sogrape é ter marcas que respondam às
necessidades de cada faixa etária.
Sobre sucesso das empresas made in Portugal, Francisco Ferreira,
sempre muito optimista, concluiu: "Na minha opinião, enquanto houver
pessoas será possível alcançar o sucesso neste país."
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=2177216&especial=Made%20in%20Portugal%20-%20M%EAs%20das%20Marcas%20com%20Hist%F3ria&seccao=ECONOMIA&page=-1

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