terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cientistas desenvolvem método de identificação de castas

VILA REAL
por lusaHoje

Investigadores da Universidade de Vila Real desenvolveram um método de
identificação de castas recorrendo à extração de ADN do vinho de uma
garrafa, no mosto no lagar ou ainda na videira, um processo que
permite detetar falsificações.
Paula Lopes, do departamento de Genética e Biotecnologia da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), disse à Agência
Lusa que o método, já patenteado, permite confirmar se o rótulo
corresponde ao que está no interior da garrafa de vinho, detetando
falsificações ou fraudes.
A responsável referiu que este processo de identificação de castas
está a despertar o interesse de empresas, grandes produtores e até de
outros países, como a China.

"Na última visita que fizeram à UTAD, os chineses revelaram interesse
na patente e estão agora a analisá-la, uma vez que seria muito
importante para controlar as importações de vinho", salientou.
Leonor Pereira, também investigadora ligada ao projeto, explicou que a
extração do ADN pode ser feita no vinho de uma garrafa, no mosto nos
lagares ou ainda na videira. O processo mais complicado é o de
extração do vinho, porque se trata, explicou, de um produto já
vinificado e transformado.
Depois de recolhida a amostra, é congelada, se não for imediatamente
utilizada, e depois é trabalhada no laboratório, recorrendo a
processos de centrifugação e de extração dos vários componentes
destinados também aos vários constituintes da matriz que se está a
utilizar.
Leonor Pereira sublinhou que, com este método, se pretende "prevenir
fraudes", principalmente no vinho do Porto, produto que é alvo de
muitas falsificações.
"O nosso objetivo é preservar os nossos produtos e as nossas castas,
que têm muita qualidade e produzem também um vinho de altíssima
qualidade", acrescentou Paula Lopes.
Este primeiro projeto, "Genómica aplicada à traceabilidade do vinho
português: da uva ao consumidor", contou com um financiamento de 132
mil euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Este laboratório da UTAD está inserido no Instituto de Biotecnologia e
Bioengenharia.
Agora em janeiro, os investigadores avançaram com uma segunda fase, o
Wine Biocode, que conta com uma verba de 178 mil euros, e tem como
objetivo, segundo Paula Lopes, quantificar quanto de cada casta foi
utilizado em determinado vinho.
Pretende-se também acelerar o processo de identificação de castas.
"Estamos a desenvolver biossensores para conseguirmos identificar
rapidamente as castas que estão no vinho e não demorar um dia ou dois
como acontece atualmente", acrescentou.
Para tornar o processo acessível, eficaz e célere, até para quem não
sabe usar este tipo de materiais, foi também apresentada uma
candidatura ao QREN, em conjunto com a empresa GRiSP, para desenvolver
um kit de extração de ADN.
Ao longo destes quase 26 anos de existência, a academia transmontana
foi pioneira em vários cursos, como o de Enologia, bem como no
desenvolvimento e modernização da vitivinicultura e na melhoria da
qualidade do vinho, quer através de investigação de castas de uvas ou
nas instalação de vinhas ao alto.
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=2274389&page=-1

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