segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Douro: Património Mundial ainda com muitos erros de construção

30-01-2012


No Douro Património Mundial da UNESCO ainda hoje se verificam erros de
construção, quer na implantação de casas, quer de vinhas, que não
respeitam as linhas de água ou o leito de cheia, colocando em causa a
própria segurança.

«Construção civil não é arquitectura», afirmou o chefe da Estrutura de
Missão do Douro, Ricardo Magalhães, que falava à margem do debate
"Paisagens e Cultura", que decorreu em Tabuaço.

O responsável considerou que muitos dos saberes do passado se perderam
e, por isso, diz que hoje se vêem «casas distribuídas como cogumelos».
«Nascem onde menos se espera, sem qualidade, próximas de leito de
cheia ou em linhas de água, colocando em causa a própria segurança».

Ricardo Magalhães defendeu um reforço da fiscalização mas, salientou,
que este problema tem também uma dimensão cultural. «Temos que afectar
mais meios à fiscalização, mas isto não se resolve só com polícias, é
preciso dar informação, ajudar tecnicamente na fase ainda de projecto,
para que, depois, as casas estejam bem enquadradas na paisagem»,
sublinhou.

Casas mas também as vinhas, que muitas vezes sobem até ao alto das
serras, de locais de grande inclinação, não se respeitando também as
linhas de água.

Teresa Andresen, da Universidade do Porto, disse mesmo que os
operadores são máquinas, «são acrobatas fantásticos», estando-se a
«extremar a paisagem». «Temos que resistir a mais um patamar».

O arquitecto Siza Vieira, que também participou no encontro, optou por
deixar grandes elogios à paisagem e aos ancestrais construtores da
paisagem, os agricultores, que considerou que não brincam. «Grande
arquitecto que é o agricultor», frisou.

Siza fez uma apreciação optimista, mas deixou algumas críticas ao
«acumular de erros» de arquitectura que se encontra, sobretudo, quando
se chega às cidades ou às aldeias.

O arquitecto já desenhou para o Douro o armazém de envelhecimento de
vinho da Quinta do Portal, e disse mesmo que, quando a paisagem é
bela, ela conduz o desenho, ajudando a encontrar a escala ou as cores.

Por fim, Ricardo Magalhães considerou que o património, monumental,
natural e paisagístico, ainda não tem o efeito que se pretende na
economia da região. «Já gera algum rendimento, mas é de uma forma
indirecta. É preciso criar produtos, sejam rotas, percursos, viagens,
produtos mesmo materiais que gerem emprego», defendeu.

Este foi o segundo debate do ciclo de conferências "Que Douro na
próxima década", iniciativa que surge no seguimento do programa
evocativo dos dez anos da classificação pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) do Alto Douro
Vinhateiro como Património da Humanidade, lançado no dia 14 de
Dezembro.

No final do debate, a Entidade Regional Turismo do Douro apresentou o
Guia Turístico do Douro.

Fonte: Lusa

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia42997.aspx

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