quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Investigadores portugueses estudam doença que afecta abelhas

Apicultura
17.01.2012 - 10:51 Por Lusa
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A síndrome do colapso das colónias foi detectada nos EUA em 2006
reflectindo-se numa redução drástica das abelhas (Pedro Cunha)
Investigadores estão a estudar a incidência da Nosema ceranae em
Portugal, uma doença que se suspeita poder estar na origem da síndrome
do colapso das colónias de abelhas, problema que tem afectado a
apicultura em vários países.
O projecto é promovido pela Federação Nacional dos Apicultores de
Portugal e está a ser executado pela Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro (UTAD), Instituto Politécnico de Bragança (IPB),
Universidade de Évora (UÉvora) e o Laboratório Nacional de
Investigação Veterinária (LNIV).

"Em Portugal, ainda não temos dados sobre esta problemática. Contudo,
este projecto visa identificar esta espécie e saber qual é a sua
distribuição", afirmou à Agência Lusa Paulo Russo Almeida,
investigador da UTAD.
A síndrome do colapso das colónias foi detectada nos EUA por volta de
2006, reflectindo-se numa redução drástica e inexplicável dos
efectivos de abelhas naquele país e em consequências drásticas a nível
económico. As abelhas são os principais agentes polinizadores,
estimando-se que cerca de um terço das culturas agrícolas dependam da
polinização destes insectos.
O alerta foi lançado e foram sendo desenvolvidas várias investigações
com o objectivo de identificar a causa deste fenómeno.
No mesmo ano, investigadores espanhóis identificaram pela primeira vez
o agente Nosemae ceranae na Europa e, desde então, o trabalho
desenvolvido por essa equipa tem sido no sentido de demonstrar se há
uma relação de causa entre este novo agente e a síndrome.
A doença é causada pelo desenvolvimento de um ou de dois
microsporídios – Nosema apis ou Nosema ceranae, duas espécies que só
se conseguem distinguir através de métodos de genética molecular.
Ainda não há certezas quanto à relação da Nosema ceranae com as perdas
inexplicáveis das colónias. Em Portugal, está identificada a
existência da espécie apis, não estando, no entanto, comprovada a
existência da ceranae.
"Daí a importância do nosso projecto", salientou Paulo Russo Almeida.
Financiado pelo Programa Apícola Nacional, o projecto dispõe de cerca
de 90 mil euros para três anos.
Numa primeira fase foram feitos 660 inquéritos aos apicultores. No
Outono foram recolhidas amostras em 270 apiários espalhados pelo
continente. Em cada apiário foram recolhidas, nas várias colmeias,
entre 60 a 100 abelhas.
A segunda fase de amostragem irá avançar a partir de Maio. Ainda este
mês irá dar-se início à avaliação microscópica das amostras, seguida
da identificação específica pela técnica da PCR (Reacção em Cadeia da
Polimerase)
O objextivo é caracterizar o país, saber se o agente está presente,
onde e com que incidência. E, caso se comprove que esta patologia está
por detrás da síndrome do colapso das colónias, para que seja possível
tomar medidas de combate à doença.
"Determinar a espécie em causa ajuda depois na adopção de medidas de
combate", salientou o investigador.
Em Portugal existem apenas alguns relatos pontuais de mortalidade fora
do normal.
Em 2010, estavam contabilizados em Portugal cerca de 17 mil
apicultores, correspondendo a um universo de, aproximadamente, 38 mil
apiários e 562 mil colónias.
Os apicultores não profissionais, no seu conjunto, representam 96,6
por cento do total de apicultores portugueses e detêm 61,8 por cento
do total de colónias.
"Nós temos condições naturais que permitem ter vários tipos de mel de
qualidade em Portugal", salientou Paulo Russo de Almeida.
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