quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pequenos e médios agricultores exigem linhas de crédito competitivas

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15 de Fevereiro, 2012
Os participantes num seminário de avaliação dos programas de
desenvolvimento rural, que terminou hoje em Coimbra, exigem a criação
de «linhas de crédito a longo prazo e altamente bonificado», para as
pequenas e médias agricultura e agro-indústria portuguesas.
Linhas de crédito naquelas condições são «fundamentais» para permitir,
por um lado, «o desendividamento» dos pequenos e médios produtores e
do «movimento cooperativo», e, por outro, «para que eles possam
investir», sublinhou, à margem do encontro, João Dinis, dirigente da
CNA (Confederação Nacional da Agricultura).

Aqueles «instrumentos são essenciais» para responderem à
«descapitalização dos pequenos e médios agricultores» e para as
cooperativas «poderem pagar as dívidas aos seus associados»,
acrescentou aquele responsável.
Os participantes no «seminário internacional para avaliação dos
programas de desenvolvimento rural dos diferentes Estados membros, na
óptica da agricultura familiar», que decorreu, por iniciativa da CNA,
na terça-feira e hoje, nas instalações da Escola Superior Agrária de
Coimbra, consideraram também determinante, para a agricultura e
agro-indústria em Portugal, que o Estado, «se não aumentar, pelo menos
mantenha o montante da sua participação» para o sector.
«A redução da participação do Orçamento do Estado para o sector
agrícola de cerca de 900 milhões para 300 milhões de euros, para os
próximos quatro anos, poucos projectos novos permitirá», advertiu João
Dinis, recordando que «sem investimento público e sem investimento
privado, de quase nada valerá» a não redução, já anunciada, da
«comparticipação europeia para o nosso país».
É preciso «inverter as políticas para a agricultura e para a
agro-indústria», sustentou o dirigente da CNA, contestando a
estratégia – «toda ela voltada para a promoção da competitividade e de
vocação exportadora» – que tem vindo a ser adoptada, a nível nacional
e europeu.
Tem de ser dada «prioridade à agricultura familiar, aos mercados
locais e regionais e às florestas de uso múltiplo» (em prejuízo da
lógica da «monocultura e de produção intensiva»), apelou João Dinis,
referindo-se ao «sentimento dominante» das intervenções e debates do
seminário.
A mudança das políticas portuguesa e da União Europeia (UE) para a
agricultura deve, assim, «ir no sentido de fomentar o consumo interno
e de dar prioridade a critérios sociais e ambientais», defendeu.
Embora reconheça que, «nos últimos dois/três anos», se tem registado,
em Portugal, «alguma simplificação» relativamente aos procedimentos
burocráticos na aplicação do PRODER (Programa de Desenvolvimento
Rural), João Dinis lamenta que a «entidade pagadora, que é o Instituto
de Financiamento da Agricultura e Pescas, continue a complicar,
continue a ser um verdadeiro 'complicómetro'».
No seminário internacional de avaliação dos programas de
desenvolvimento rural nos países da UE, participaram, além de
agricultores portugueses, representantes do sector de diversas
regiões, designadamente, Bélgica, Dinamarca, Escócia, Espanha, França,
Holanda e Itália.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=41623

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