sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Produtores em sintonia com indústria para Portugal voltar a produzir açúcar de beterraba

03-02-2012

A Associação Nacional de Produtores de Beterraba está «em sintonia»
com a refinadora de açúcar DAI, situada em Coruche, para que Portugal
volte a produzir açúcar de beterraba, disse hoje à Agência Lusa o seu
presidente.
O presidente da Associação Nacional de Produtores de Beterraba
(Anprobe) e a DAI tiveram já uma reunião com o eurodeputado Capoulas
Santos, um dos redactores da nova reforma da política agrícola comum
(PAC), têm uma audiência marcada para o próximo dia 21 com a ministra
da Agricultura, Assunção Cristas, e estão «completamente disponíveis»
para ser recebidos pela Comissão de Agricultura da Assembleia da
República.
Manuel Campilho frisou que os produtores sempre defenderam a produção
de beterraba açucareira, por ser «mais uma alternativa paga a bom
preço», em que Portugal estava «tecnicamente ao mais alto nível», e
porque reduzia as importações de açúcar do país em cerca de 20 por
cento.

Na última campanha de produção, em 2008, depois da reforma do sector
do açúcar que visava acabar com os excedentes na União Europeia (UE) e
ditou o fim da produção de açúcar de beterraba em Portugal, os
produtores portugueses eram já os «primeiros em termos de produção por
hectare na Europa inteira», frisou Gonçalo Aranha, técnico da Anprobe.
Para Manuel Campilho, Portugal apresenta vantagens em relação à Europa
Central, não só porque o clima do país permite duas produções, na
Primavera e no Outono, mas também porque os países da bacia do
mediterrâneo se adaptaram cedo ao regadio e a Europa Central, com as
alterações climáticas, «vai ter que passar a regar também».
O presidente da Anprobe referiu que, antes da reforma do sector,
Portugal tinha uma quota de 70 mil toneladas, sendo objectivo atingir
agora as 100 mil, o que representa mais de 20 por cento do consumo
anual português, que ronda as 300 mil toneladas de açúcar.
Manuel Campilho recordou que a DAI, Sociedade de Desenvolvimento
Agro-industrial, está actualmente a refinar ramas de cana-de-açúcar,
que importa, e que está «totalmente disponível para, juntamente com a
produção, voltar a readaptar a fábrica» para produzir a partir da
beterraba.
O responsável sublinhou que a Anprobe sempre se opôs ao
desmantelamento da capacidade de produção nacional de açúcar de
beterraba, recordando que, na altura, Portugal recebeu dinheiro para
financiar a reestruturação da DAI.
O presidente da Anprobe referiu o facto de actualmente o preço do
açúcar que é exportado para fora da União Europeia estar acima do
preço comunitário, a 475 euros por tonelada contra os 404 euros, o que
se torna muito interessante para os produtores, já que Portugal,
embora não fosse excedentário na produção, tinha uma quota na
exportação extracomunitária.
Os deputados do grupo de Agricultura do PSD entregaram na Assembleia
da República, no passado dia 25 de Janeiro, uma recomendação ao
Governo para que tome «as diligências necessárias, em termos nacionais
e comunitários», para que a fábrica de açúcar de Coruche volte a
laborar beterraba sacarina.
Na proposta, os sociais-democratas recordam que o cultivo de beterraba
sacarina em Portugal foi «um caso de sucesso em termos agronómicos e
tecnológicos», já que, entre 1995 e 2006, apresentava «níveis de
produtividade bem acima da média europeia e elevada qualidade».
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia43217.aspx

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