terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quinta dos horrores no Algarve

Animais moribundos convivem com outros já em decomposição
Publicado em 2012-02-10
MARISA RODRIGUES

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Um bovino morto e em estado avançado de putrefacção. Ao lado, outro,
moribundo, em agonia e sem assistência. A guardá-los, cães amarrados a
árvores e a viaturas sem acesso a água nem comida. A poucos metros, a
escola primária de Lagoa, no Algarve.

Os animais estão num terreno baldio, à entrada da cidade, utilizado há
vários anos por um criador de gado, que não tem licença de pastoreio
nem de exploração pecuária.

António Félix, de 53 anos, é um "velho" conhecido das autoridades
pelos várias coimas e processos de contra-ordenação que lhe foram
instaurados. Chegou a enfrentar tribunais por não salvaguardar o
bem-estar animal e até por ter crianças na exploração, o que a lei
proíbe.

No terreno, que António Félix garante ter-lhe sido "emprestado" pelo
proprietário, estão vacas, bois, bezerros, ovelhas, cabritos, porcos,
cavalos, burros e cães. Não há uma infra-estrutura condigna para os
alojar e os cercados são praticamente inexistentes. Um local salta à
vista por ser utilizado como "cemitério".

Foi aí que o JN encontrou o ovino em putrefacção e outro em agonia. A
terra está remexida e há pedaços de cadáveres à vista. Quase todos os
restantes animais apresentam sinais evidentes de negligência.


foto MARISA RODRIGUES/JN


População sabe

Tudo isto é do conhecimento da população - há relatos de que dura há
mais de vinte anos - que agora não perdoa a António Félix os mais
recentes casos de animais mortos e em sofrimento. "Vão ficando magros
e definhando. Depois de caídos no chão, ali ficam até morrer",
disseram, ao JN, vários moradores que passam diariamente naquele
terreno, situado à entrada da cidade e sem vedação. Garantem ainda que
o homem "bate nos animais", tendo sido visto "a arrastar um burro vivo
pela estrada, amarrado a uma carrinha".

"Não lhes faço mal. Morreram envenenados. Ou comeram pasto com veneno
ou foram as pessoas que vêm aqui dar de comer aos cães que mataram o
gado", acusa António Félix. Não há, no entanto, quaisquer análises aos
animais que comprovem esta versão. No caso dos cães, a relação de
António com quem os alimenta é tensa.

Comida a mais

"Tem de correr com eles. Dão-lhes comida a mais e ficam moles para o
trabalho", disse, garantindo que os mantém presos "para não fugirem",
afirma o dono dos animais, que não têm chip nem registo na Junta de
Freguesia. Há casos de fuga e atropelamento de cães e porcos, o mais
recente aconteceu na terça-feira.

http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Faro&Concelho=Lagoa&Option=Interior&content_id=2295806&page=-1

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