quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Soromenho-Marques considera classe política “incompetente” nas questões do Ambiente

22.02.2012
Lusa
O especialista em questões ambientais, Viriato Soromenho Marques,
afirmou hoje num debate que a classe política é "incompetente", o que
pode conduzir o mundo a uma situação "catastrófica" na área ambiental.
Soromenho-Marques, membro do Conselho Nacional do Ambiente, participou
no debate "Os pontos negros do ambiente em Portugal", organizado pelo
Diário de Notícias, onde defendeu que "a actual crise de
insustentabilidade é essencialmente política".

"A ciência analisa bem as questões, a sociedade civil está pronta a
fazer sacrifícios, [porém] a classe política incompetente pode
levar-nos a uma situação catastrófica", realçou.
O grupo de especialistas presente no debate integrou Eugénio Sequeira,
da Liga de Protecção da Natureza (LPN), Filipe Duarte Santos,
investigador em alterações climáticas, e Francisco Ferreira, da
Quercus.
A opinião geral é de preocupação com a perda de importância das
questões ambientais num discurso político centrado nos problemas
económicos e nas medidas contra a austeridade. Mas, a crise económica
e financeira pode ser uma oportunidade para uma mudança de paradigma
social, com novas opções de desenvolvimento. "Esta desculpa da crise
vai sair caro no futuro", alertou Francisco Ferreira. Este salientou
que "o ambiente saiu de cena" e referiu-se a consequências das
agressões à natureza e da incorrecta gestão de recursos. Redução da
esperança de vida devido à má qualidade do ar é um dos efeitos, mas
também os problemas de resíduos, de falta de qualidade da água ou
perda de biodiversidade.
"A crise não permite ter dinheiro para lidar com os problemas
ambientais", admitiu Francisco Ferreira, mas recordou que "por vezes,
é uma questão de organização e não tanto de mobilizar recursos".
Por outro lado, com o aumento da população, com os problemas
energéticos e de alimentação, é indispensável ser mais eficiente,
distribuir melhor os recursos e apostar no desenvolvimento
sustentável, acrescentou ainda o responsável da Quercus.
Na opinião de Filipe Duarte Santos, "se não se alterarem os paradigmas
seguidos actualmente, sucederão crises económicas, ambientais,
sociais".
Eugénio Sequeira realçou a falta de medidas de fundo para prevenir
casos complicados, como as secas. "Neste momento estamos numa situação
de emergência, devíamos estar já a tomar medidas", defendeu.
Filipe Duarte Santos concordou. "A seca insere-se no processo de
alterações climáticas e temos de preparar-nos" para as suas
consequências, nomeadamente com um modelo diferente de agricultura.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1534850

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