quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Subnutrição ameaça 500 milhões de crianças

Carlos Santos Neves, RTP
15 Fev, 2012, 13:44 / atualizado em 15 Fev, 2012, 13:53

Ali Ali, EPA
As consequências físicas e mentais de uma alimentação deficiente são
uma ameaça que vai pender sobre 500 milhões de crianças até 2027. O
alerta parte da organização britânica Save the Children, que se apoia
num estudo conduzido em países asiáticos, da América do Sul e de
África. A situação agravou-se substancialmente com a escalada de
preços dos alimentos na primeira metade de 2011 e a estrutura
não-governamental defende mesmo a realização de uma "cimeira da fome"
que coincida com os Jogos Olímpicos de Londres.
"O mundo fez um progresso dramático na redução das mortes de crianças,
de 12 para 7,6 milhões, mas este ímpeto vai parar se não atacarmos a
má nutrição". O aviso, citado pela edição on-line da BBC, é de Justin
Forsyth, chefe executivo da Save the Children.

Num relatório agora publicado, a organização não-governamental
britânica sublinha que uma em cada quatro crianças, à escala global,
apresenta hoje sinais de atrofia física e mental em resultado de uma
alimentação deficiente. Metade das crianças subnutridas vive nos cinco
países abrangidos no estudo que serviu de base às conclusões da Save
the Children – Índia, Bangladesh, Paquistão, Peru e Nigéria.

Um em cada seis pais inquiridos no estudo, que esteve a cargo da
agência Globescan, confirmou que os filhos abandonaram a escola para
trabalhar e assim ajudar a família a comprar alimentos. Um terço
admitiu queixas de fome por parte das crianças.

Com base nestes resultados, a organização Save the Children exortou
entretanto o Governo britânico a redobrar esforços no combate à fome
entre as crianças, protegendo-as dos efeitos dos aumentos nos preços
dos alimentos. O Executivo de David Cameron é mesmo instado a promoveu
uma cimeira internacional dedicada ao tema durante as Olimpíadas de
Londres.
"Muita imprevisibilidade"

Pela primeira vez em seis meses, o Índice de Preços dos Alimentos da
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)
sofreu um aumento em janeiro deste ano. Admite-se que torne a subir em
fevereiro, tendo em conta os efeitos de recentes condições
climatéricas adversas nos preços de cereais e óleos vegetais.

Dados revelados há uma semana pela FAO mostram que os preços globais
dos alimentos sofreram um aumento de quase dois por cento no início do
ano, por comparação com dezembro de 2011. O Índice de Preços situa-se
nos 214 pontos.

"É uma pausa numa tendência descendente, ao invés de uma reversão, com
muita imprevisibilidade", explicava na passada quinta-feira o
economista da FAO Abdolreza Abbassian, entrevistado pela agência
Reuters.

Os preços medidos pela FAO atingiram uma marca histórica em fevereiro
de 2011. O Índice da Organização, que resulta do apuramento da
evolução de preços num cabaz de cereais, sementes oleaginosas,
produtos lácteos, carne e açúcar, chegou então aos 238 pontos.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=527423&tm=7&layout=121&visual=49

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