sábado, 17 de março de 2012

Assunção Cristas: 'Nomeações não são alheias à ligação política'

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17 de Março, 2012por Ana Serafim e Tânia Ferreira
Membro mais novo do Governo, ministra mostra que já 'tem mão' no
super-ministério que lidera há nove meses. E está decidida a avançar
com privatizações este ano.
Agricultura, mar, ambiente e ordenamento do território são tutelados
por Assunção Cristas. Em vésperas de partir na sua primeira visita
oficial a Angola, a ministra recebeu o SOL no seu gabinete, no
Terreiro do Paço.
No sector das águas gerou-se alguma polémica com as nomeações de
autarcas, porque o primeiro-ministro tinha já garantido que não iria
haver nomeações políticas neste Governo. Como comenta a polémica?
Na Aguas de Portugal achámos que seria muito conveniente ter autarcas
com sensibilidade para ajudar a resolver os problemas do sector. São
autarcas do PSD e do CDS e isso é natural. Não se esperaria que
fossemos procurar, dentro de um universo de mais de 300 autarquias,
quem não tivesse esta visão do Governo para o sector. As opções que
estamos a tomar em termos empresariais não são alheias ao envolvimento
político. Admito que um autarca do PCP, Bloco de Esquerda ou até do PS
não tenha esta visão.

E tem tido essa preocupação nas nomeações que fez ou vai fazer?
Depende dos casos. Por exemplo, na Companhia das Lezírias não há
ninguém ligado a partidos. Na EDIA tão pouco. Não há uma receita
pré-fixada.
Mas, como pode garantir-se que actuais administradores, que eram
presidentes de algumas das autarquias mais devedoras, vão agora exigir
o pagamento dessas dívidas?
Tentar garantir pagamentos de dívidas, sem resolver a fundo os
problemas do sector é uma má solução. É preciso ouvir todas as partes
envolvidas e, exactamente, por isso a administração das águas tem a
sensibilidade das autarquias representada. Não se faz uma reforma das
águas em Portugal sem trazer para este debate e para construção das
soluções as próprias autarquias.
Já conseguiu tomar a mão a este super-ministério?
A lei orgânica do ministério já está publicada e as leis orgânicas da
quase totalidade dos organismos estão aprovadas em Conselho de
Ministros. Falta nomear poucos dirigentes. O Ministério realmente é
grande e os desafios são imensos, mas temos agora a casa arrumada, a
lógica já está no terreno. Os grandes problemas estão identificados e
a ser respondidos.
Na reorganização da gestão dos fundos, com a comissão interministerial
comandada pelas finanças, os seus fundos também estão envolvidos.
Concorda com este modelo?
Este modelo já funciona informalmente no Governo há bastante tempo.
Todos, com essa formação que agora está mais formalizada, trabalhámos
na preparação do Orçamento, com uma coordenação interministerial para
termos a melhor alocação possível dos fundos comunitários. É o que
temos para pôr a Economia a funcionar e para trazer liquidez. E é
importante que em todos os sectores haja uma visão de conjunto.
Mas se já havia coordenação informal, e funcionava bem, por que é que
houve necessidade de agora a formalizar?
Suponho que para termos uma estrutura estável e com uma metodologia de
trabalho mais sistemática. Agora, far-se-á um acompanhamento mais
sistemático, porque o tempo escasseia, é preciso termos dinamismo na
execução dos fundos e é preciso sabermos como os vamos gastar.
Esse impulso foi dado também já na sequência da comissão de técnicos
da Comissão Europeia que agora está nas Finanças?
Suponho que isto também tenha a ver com esse trabalho que está a ser
apoiado por Bruxelas.
Como avalia a gestão política e de comunicação que tem sido feita por
este Governo?
Não me compete avaliar nada. Mas vejo os meus colegas empenhados ao
máximo, dando o seu melhor para conseguirmos ajudar o país a
ultrapassar esta dificuldade.
O trabalho com os colegas de governo e com o primeiro-ministro, têm-na
surpreendido?
Somos poucos o que implica que tenhamos muitas áreas para cobrir,
muitas dificuldades, e com dificuldades acrescidas, como agora com o
caso da seca, que mais uma vez implicou mobilizar todo o governo e
agora um grupo de secretários de Estado. Esta reacção de nos juntarmos
todos e fazer grupos interministeriais para ultrapassar a dificuldade
está a acontecer em relação à seca, mas acontece em relação aos fundos
e em relação a tudo, como no caso de partilhar a venda do Pavilhão
Atlântico, em Conselho de Ministros. Isto nota bem a forma como o
Governo tem trabalhado colegialmente, mesmo quando não é obrigado a
fazê-lo.
Declarações como a de Alberto João Jardim, que diz que o CDS tem
ficado de fora das questões mais sensíveis do Governo, são injustas?
Estamos todos a trabalhar e somos absolutamente solidários com todas
as questões sensíveis. Todos nós tivemos dificuldades ao nível do
Orçamento, todos temos dificuldades de dívidas imensas que estão para
pagar e nos continuam a acompanhar, todos lutamos diariamente com
poucos recursos para o muito que há a fazer e ninguém se exclui desse
esforço e dessa atitude muito solidária e coesa.
ana.serafim@sol.pt e tania.ferreira@sol.pt
http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=44279

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