sábado, 10 de março de 2012

Beterraba: Associação contesta refinadores e reafirma importância da retoma da produção nacional

08-03-2012


A Associação Nacional dos Produtores de Beterraba contestou a posição
dos refinadores que consideram «arriscada» a retoma, neste momento, da
produção de beterraba sacarina.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Nacional dos
Produtores de Beterraba (Anprobe) declara a sua discordância com a
tomada de posição dos refinadores, sublinhando que a intenção de
reabilitar a cultura de beterraba sacarina em Portugal «não está
relacionada com os preços do mercado mundial», mas sim com a
expectativa de retomar a produção pós 2015 inscrita na actual
Organização Comum do Mercado (OCM) única.

A direcção da Anprobe lamenta que, «nesta fase em que se negoceia a
reforma da OCM para um período alargado sejam utilizados argumentos
puramente comerciais no sentido de pressionar o poder político,
esquecendo propositadamente o papel importantíssimo que a cultura da
beterraba poderá voltar a ter».

O comunicado refere a importância da beterraba na rotação de culturas
e, «especialmente», como «dinamizadora da introdução do regadio na
região do Alqueva», sublinhando o «tremendo sucesso» que representou
no restante território nacional.

«A Anprobe lembra que o fim da cultura em Portugal veio agravar a
actual situação do país ao nível do desequilíbrio da balança
comercial, uma vez que a importação de ramas de cana do açúcar agrava
essa balança em mais de 150 milhões de euros/ano, facto que pode ser
substancialmente invertido através da produção nacional», afirma o
comunicado.

A nota refere as «inerentes mais-valias não só para o senhor produtivo
e tecido económico conexo, repondo os inúmeros postos de trabalho
perdidos, 50 directos e 1.500 indirectos, «mas igualmente para a
sustentabilidade das populações locais e para o ambiente».

Em reacção às referências feitas pelos refinadores às ajudas recebidas
pelos produtores, a associação lembra que também estes «receberam
elevadas ajudas à sua reestruturação». «O que a produção recebeu foi o
valor pela alienação de um activo, os seus Direitos de Produção -até
final de 2014», sublinha.

O comunicado frisa ainda que, nos 12 anos de abastecimento da fábrica
da DAI, em Coruche, a produtividade média nacional cresceu 8 por cento
ao ano, enquanto no resto da Europa ia pouco além de dois por cento.

«Tal feito deve-se a um rigoroso trabalho de experimentação levado a
cabo por produtores e indústria, situação impar em toda a agricultura
nacional», afirma, sublinhando, «com orgulho, que na última campanha
de produção os produtores nacionais apresentaram o mais alto
rendimento de açúcar por hectare de toda a Europa».

A Anprobe tem procurado sensibilizar o poder político para a
importância da reintrodução da produção de açúcar de beterraba em
Portugal, frisando a disponibilidade da DAI de restaurar a dupla
capacidade de refinar ramas e produzir açúcar de beterraba.

Na semana passada, a Assembleia da República discutiu dois projectos
de resolução, do PSD e do PCP, que recomendam ao Governo que retome a
produção da beterraba sacarina, o que levou os refinadores a reagirem,
considerando a ideia «surrealista».

A Anprobe insiste agora que esta é «uma excelente alternativa», que o
projecto «foi pioneiro na criação de um eficaz interprofissionalismo
ao longo da fileira do açúcar» e sublinha que a flutuação de preços,
um dos argumentos dos refinadores, está igualmente presente noutras
culturas.

Fonte: Lusa

http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia43544.aspx

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