quarta-feira, 7 de março de 2012

Douro: "A agregação é fundamental para a afirmação internacional"

O grupo alltodouro apresentou-se no Instituto dos Vinhos do Douro e
Porto (IVDP), Porto, e na Bolsa de Turismo de Lisboa. Nicolau Santos,
director adjunto do Expresso, e Manuel Cabral, presidente do IVDP,
consideram que esta união inédita de empresas no Douro é "fundamental"
para a afirmação do vinho do Porto e do Douro nos mercados
internacionais.


"Fiquei particularmente contente com o facto de 13 empresas se terem
unido para afirmar o Alto Douro vinhateiro e produtos que vão desde o
turismo aos vinhos nos mercados internacionais. É um excelente sinal
de que há uma nova geração de empresários empreendedores, que sabem o
que querem, que têm objectivos definidos e que percebem que a
associação é fundamental para a afirmação internacional". Nicolau
Santos, director adjunto do jornal Expresso, falava sobre "Agregação,
a melhor estratégia para trabalhar mercados externos", a convite do
próprio grupo alltodouro, que se apresentou na Bolsa de Turismo de
Lisboa, na passada quinta e sexta-feira (1 e 2 de Março,
respectivamente).

Casa de Mendiz, Casa de Pasto Chaxoila, Casas do Coro, Douro Family
Estates, Ervas Finas, Galeria de Momentos, Hotel Teatro, Lavradores de
Feitoria, Museu do Coa, Pipadouro, Quinta Nova, restaurantes DOC e DOP
(Rui Paula) e Wine & Soul (Pintas) são as empresas das áreas dos
vinhos, turismo e cultura que se uniram em torno de um objectivo:
valorizar os vinhos do Porto e DOC e o território Douro como destino
turístico, bem como outros produtos da região.

É uma agregação de vontades inédita no Douro. Trata-se de criar
economia de escala entre empresas dinâmicas, inovadoras e abertas ao
risco em torno de um projecto voltado para a exportação e para a
afirmação internacional da única região de vinhos do Velho Mundo que
ainda está por descobrir. "A cooperação e competição, num quadro de
afirmação externa, dá ganhos e diminui custos para toda a gente",
sublinhava Nicolau Santos.

Insistindo que "exportar é preciso", o jornalista especializado em
assuntos económicos vê boas perspectivas de crescimento da quota que
Portugal detém no mercado mundial de turismo, que actualmente se situa
em três por cento. Mas, adverte, é necessário "um esforço importante
na área da promoção, do marketing e das vendas".

Para aumentar as exportações, as empresas têm que ter uma "estratégia
clara" - definir mercados a atingir, clientes a captar, que produtos
vender e se estes estão adaptados aos mercados em causa - ser
competitivas, flexíveis e ter um óptimo serviço. Essencial, sublinhou
Nicolau Santos, é também a existência de uma marca e conhecimento dos
países para onde se quer exportar, de forma a identificar parceiros e
canais de distribuição.

De resto, as empresas têm ainda que ter capacidade financeira e de
inovação: "É preciso ter produtos inovadores que fidelizem e marquem a
memória dos clientes", rematou. O conhecido jornalista exortou ainda
as empresas a "descobrirem novos mercados", reconhecendo que este
objectivo "exige tempo, dinheiro, conhecimento e bons parceiros" nos
mercados externos.

Vinho é a matriz do Douro

Visão e estratégia colectiva, marca, inovação e fidelização são temas
que estão no centro das atenções do grupo alltodouro, como sublinhou
Paulo Romão, fundador das Casas do Coro (situadas na aldeia histórica
de Marialva): "O alltodouro.com é um projecto de agregação de
vontades, só está neste grupo quem acredita na eficiência colectiva e
tem mentalidade de longo prazo". "Só colectivamente conseguiremos
contribuir para a afirmação internacional do Douro vinhateiro",
acrescentou Fernando Real, director do Museu do Coa.

De forma consensual, o grupo alltodouro acredita que só uma estratégia
colectiva fará com que a região do Alto Douro vinhateiro inverta o
actual paradoxo, em que cerca de 80 por cento dos turistas que a
procuram são portugueses quando aproximadamente 85 por cento do vinho
do Porto é vendido nos mercados externos.

Manuel Cabral, novo presidente do IVDP, concorda: "O Douro precisa
deste tipo de projectos de desenvolvimento, de encontro de vontades e
de iniciativa privada, precisa de encontrar outros formatos de
valorizar o território e de o promover", sublinhou. Mas precisou, a
"matriz do Douro é o vinho" e, desde logo, o vinho do Porto, que
representa cerca de 50 por cento das exportações de vinhos
portugueses. "Isto é absolutamente inquestionável", frisou.

Manuel Cabral falava sobre "A importância do território na valorização
do vinho do Porto", palestra que realizou na passada sexta-feira a
convite do grupo alltodouro e que contou com a presença da secretária
de Estado do Turismo, Cecília Meireles, e do presidente do Turismo de
Portugal, Frederico Costa. "[O IVDP] esqueceu-se muitas vezes das suas
responsabilidades históricas perante a região e o território e
centrou-se demasiado no produto. Nós não podemos esquecer o nosso
papel de promoção e desenvolvimento na região onde o vinho é
produzido", sustentou Manuel Cabral.

A importância dada à valorização do território representa uma mudança
estratégica encabeçada pelo novo presidente do IVDP. "Acredito que o
Douro vinhateiro Património Mundial, o território onde o vinho do
Porto é produzido, tem um valor e nós temos que ser capazes de o
adicionar ao valor do próprio produto", sublinhou. Nesta área, um
exemplo emblemático, é dado pelos franceses que "não vendem só os seus
vinhos, vendem uma ideia de cultura, de luxo, uma certa forma de estar
e de viver", rematou.

Fonte: Greengrape

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/03/07a.htm

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