segunda-feira, 5 de março de 2012

Governo Regional propõe proibição do cultivo de transgénicos

AÇORES
por LusaOntem
A preservação de uma imagem de "respeito pela natureza" e a garantia
do direito dos produtores regionais à pratica da agricultura
tradicional ou biológica fundamentam a proposta do Governo açoriano de
proibição de cultivo de transgénicos nas ilhas.
Segundo alega o Executivo na iniciativa legislativa entregue ao
Parlamento regional, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a elevada
fragmentação das explorações agrícolas e as especiais condições
climáticas do arquipélago, ao favorecerem a atividade dos agentes
polinizadores tornam "impossível o controlo da disseminação dos
organismos geneticamente modificados (OGM)".
Por isso, "a introdução de culturas de OGM coloca em causa o direito
dos agricultores [da Região] praticarem modalidades de agricultura
tradicional ou agricultura biológica", com "perda da diversidade de
variedade agrícolas, ornamentais e florestais que caraterizam os
Açores", argumenta a proposta do Governo Regional.

Sobre a salvaguarda da imagem da Região enquanto respeitadora da
natureza, o projeto do Executivo açoriano, que visa declarar o
arquipélago como zona livra de cultivo de transgénicos, sublinha que
tal seria "dificilmente compatível com a coexistência, no mesmo
território e nos mesmos processos produtivos, da utilização agronómica
de organismos geneticamente modificados".
Realça, igualmente, as "dúvidas ainda existentes sobre as
interferências dos OGM no equilíbrio dos ecossistemas e na
contaminação da cadeia alimentar", realçando que podem "comprometer a
imagem e os certificados de qualidade dos produtos açorianos, em
particular a carne de bovino e os laticínios".
A decisão do Governo Regional de avançar com a proibição de cultivo de
transgénicos nas ilhas foi objeto de uma carta dirigida ao Parlamento
pelo embaixador do Estados Unidos em Lisboa, na qual o diplomata
expressava "preocupação" face à medida.
O Executivo açoriano contestou a iniciativa do embaixador, que uma
fonte governamental considerou "imprópria" por "exorbitar as funções
de um representante diplomático".
O presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, também
coloca reservas à proposta do Executivo, considerando ser "hipócrita"
e lesiva dos interesses dos produtores regionais a proibição da
cultura de organismos geneticamente modificados.
Nesta matéria "há muita hipocrisia porque não se pode querer tornar a
Região livre da produção de transgénicos quando se continuam a
importar alimentos que usam organismos transgénicos na sua produção,
como a carne, produtos enlatados, soja e outros", sustenta o dirigente
agrícola.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=2341462&page=-1

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