sábado, 17 de março de 2012

Inflação: criadores são quem mais perde neste negócio de Páscoa

Carne de borrego aumentou 12,5% por causa da seca
Na Semana Santa, o borrego (anho) sobe de 9 para 14 euros por quilo
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Por:Secundino Cunha

A carne de borrego está a ser vendida, em Portugal, a uma média de 9
euros por quilo, mais um euro do que em igual período do ano passado,
o que corresponde a um aumento de 12,5 por cento.
A razão, dizem comerciantes e criadores, tem a ver com a seca que o
País atravessa e que teima em manter-se nos próximos tempos.
"Em anos normais, esta quinta, que tem cinco hectares, dá para
alimentar, só de pasto, um rebanho de 150 cabeças. Este ano, com 50,
tenho de lhes dar palha", diz Nuno Monteiro, criador de gado ovino de
Vieira do Minho.

Em comparação com os anos anteriores, Nuno Monteiro diz que os custos
de produção aumentaram mais de 25 por cento, mas assegura que os
intermediários não levam isso em consideração e tentam comprar ao
mesmo preço do ano passado, aumentando a sua margem e a dos vendedores
finais (talho). "Quem mais perde, nestas circunstâncias, são os
produtores, que não podem aumentar o animal em 25%", diz.
Na época da Páscoa, são consumidos em Portugal cerca de 200 mil
cordeiros (1400 toneladas de carne), o que representa um volume de
negócios na ordem dos 12,6 milhões de euros.
Na Semana Santa, este ano de 2 a 7 de Abril, o preço da carne de
borrego sobe de 9 para 14 euros por quilo, uma vez que a procura mais
do que triplica.
"O que eu aconselho é que as pessoas comprem agora, congelem e comam
na Páscoa. Estamos a menos de um mês, o que quer dizer que é quase a
mesma coisa que comer fresco", disse ao CM Ângelo Rodrigues,
comerciante de carnes de Braga.
Produtores subsistem com ajuda de fundos comunitários
Miguel Madeira, dono de uma exploração com 2700 ovelhas campaniças em
Mértola – que vende através de intermediários ou de um agrupamento de
produtores –, diz que só as ajudas comunitárias permitem subsistir.
"Estes valores não suportam os custos de produção. A ajuda
comunitária, apesar de ser inferior à dos bovinos, é o que nos vale."
Falta de dinheiro afecta consumo
Confrontados com a falta de clientes, os donos dos talhos de Lisboa
decidiram não aumentar o valor da carne e, em alguns casos, até
adoptaram preços "anticrise". O borrego, por se tratar de uma das
carnes mais caras, não tem sido eleito pelos portugueses, que cada vez
têm menos poder de compra.
No Talho do Alcides, os preços ficaram inalterados. "Não havendo
dinheiro, não é possível aumentar os preços. Muitos clientes já só
levam metade do que era habitual", revelou o proprietário, Alcides
Costa, de 49 anos, alertando para o facto de, "qualquer dia, não haver
carne para vender" devido à seca que está a afectar o País. Jorge
Dinis, 47 anos, responsável pelo talho com o seu nome, partilha a
mesma apreensão. "Este ano, não sabemos o que esperar. A seca que
estamos a sentir pode vir a ter sérias repercussões no preço final do
borrego", concluiu.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/carne-de-borrego-aumentou-125-por-causa-da-seca

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