quarta-feira, 28 de março de 2012

Produção de vinho na região do Dão ameaçada pela seca

quarta-feira, 28 de Março de 2012 | 16:57
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A produção de vinho na região do Dão está ameaçada pela prolongada
seca que se regista atualmente e pelo frio extremo de janeiro e
fevereiro, cuja consequência mais visível é um atraso generalizado na
rebentação das vinhas.
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD), Arlindo
Cunha, admitiu à agência Lusa a "preocupação de todos aqueles que
estão no setor do vinho" no Dão e admite que "este ano as
probabilidades de haver problemas são grandes".
O enólogo e professor na Escola Superior Agrária (ESA) do politécnico
de Viseu, João Paulo Gouveia, acrescenta existirem indícios de que "a
produção das vinhas novas, até aos quatro anos, já está seriamente
comprometida" por falta de renovação nos recursos hídricos do subsolo.
Já o produtor João Teixeira, com as suas vinhas essencialmente na
região de Silgueiros, aponta para uma situação "que começa realmente a
assustar", porque esta seca prolongada "não é algo a que se esteja
habituado a ver no Dão".

No entanto, segundo João Paulo Gouveia, enólogo responsável por várias
quintas produtoras na região, "as razões para começar a temer o pior
acentuar-se-ão se a ausência de chuva se prolongar e atingir
severamente as vinhas mais antigas".
Para já, a questão essencial que inquieta os produtores é a seca
prolongada, mas João Paulo Gouveia retira algum peso a este fator,
porque, explica, o atraso na rebentação das videiras "tem também a ver
com o frio extremo de janeiro e fevereiro", embora a seca também
contribua.
"Se chover em abril, os problemas serão muito atenuados, caso
contrário, ao stress hídrico pode-se juntar o stress térmico, no
momento em que as videiras, para suar, para refrescar, precisarem de
água e esta não existir no solo", alerta o professor da ESA.
O presidente da CVRD acompanha de perto a preocupação dos
viticultores, admitindo que "os sinais existentes apontam para um ano
complicado" e que "as probabilidades de as coisas correrem mal são
maiores" porque, para além da seca, "existe ainda um risco acrescido
de geadas".
Para os produtores, a grande questão neste momento, segundo João
Teixeira, é "a dificuldade para quem não tem condições de regar as
vinhas", exigência que será sempre "uma despesa extra" que "impede a
rentabilidade, já de si escassa".
Sobre a colheita de 2012, João Paulo Gouveia entende que "a dúvida é
saber se vai haver menos vinho", porque as videiras não estão
condenadas, tendo em conta que são plantas bem adaptadas a climas
áridos.
Diário Digital com Lusa
http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=2&id_news=177923

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