quarta-feira, 21 de março de 2012

Subsolo dos EUA pode armazenar 100 anos de emissões de CO2

20.03.2012
PÚBLICO
O subsolo dos Estados Unidos tem capacidade para armazenar o CO2 que
vai ser emitido a mais durante os próximos cem anos, devido ao aumento
da queima de carvão e gás natural, e manter o nível das emissões do
gás na atmosfera iguais às de hoje, sugere um artigo na revista
Proceedings of the National Academy of Science.
Ruben Juanes, do Massachussets Institute of Technology, em Cambridge,
nos EUA, e os colegas que foram autores do artigo publicado nesta
segunda-feira partem do princípio que a passagem dos combustíveis
fósseis para os combustíveis verdes será gradual nos EUA. Em
particular, a utilização de carvão para a produção de electricidade,
responsável por 40% do CO2 emitido a nível mundial, é demasiado barata
para que seja abandonada nas próximas décadas.
Uma alternativa para mitigar o aumento das emissões de CO2 é armazenar
este gás – um dos principais gases que provocam o efeito de estufa –
em aquíferos salinos, ou seja, em reservatórios subterrâneos de água
carregados de sal.

Já se sabe que estes aquíferos têm uma boa capacidade para guardar o
CO2, mas os números actuais sobre a capacidade de armazenamento destes
aquíferos nos EUA vão desde cinco anos de emissões até vários milhares
de anos.
A nova investigação teve em conta a reacção das partículas, a
possibilidade do gás provocar pressões debaixo da terra que causem
falhas sísmicas na crosta ou que permitam a libertação do CO2 de volta
para a superfície.
"Começámos por uma série de equações complicadas para a circulação dos
fluidos, e depois simplificámos [o mecanismo]", disse Christopher
MacMinn, outro autor do estudo, num comunicado. Quando o CO2 entra em
contacto com a água salgada, dissolve-se, tornando o fluido mais
denso, o qual se afunda nestas cavidades subterrâneas. "Assim que o
CO2 é dissolvido, ganha-se o jogo", simplificou Juanes. Este líquido
mais denso dificilmente volta a escapar para a superfície. Os
cientistas aplicaram estas equações a 11 aquíferos nos EUA.
Uma outra variável que foi tida em conta no estudo foi a velocidade
com que se injecta o CO2. A dissolução do gás na água é lenta, e um
fluxo excessivo pode aumentar a pressão nos aquíferos, pondo em perigo
a sua utilização.
Os Estados Unidos já têm uma longa experiência em injectar CO2 debaixo
de terra para rentabilizar o processo de extracção em explorações
petrolíferas. Mas o armazenamento do CO2 em aquíferos salinos não é
tão bem visto já que vai aumentar o custo dos combustíveis fósseis.
Apesar de este factor não ser discutido no artigo, há especialistas
que defendem a necessidade de implementar uma taxa para as emissões de
carbono para tornar esta alternativa rentável.
"Acho realmente que a captura e o armazenamento de carbono têm um
papel a desempenhar", afirma Juanes. "Não é a salvação, é uma ponte,
mas pode ser essencial porque aborda de facto [o problema] das
emissões derivadas do consumo de carvão e gás natural."
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1538718&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoEcosfera+%28Publico.pt+-+Ecosfera%29

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