quinta-feira, 26 de abril de 2012

A ciência do vinho

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26 de Abril, 2012por José Manuel Moroso

A viticultura de precisão é hoje uma das mais importantes armas que
alguns enólogos têm à sua disposição para produzirem vinhos com grande
qualidade, tentando antecipar e avaliar dados tão importantes como a
temperatura, a precipitação, a radiação, a velocidade do vento, a
humidade e a diversidade de tipos de solos.
Em Portugal, a Sogrape foi pioneira neste conceito (que começou a ser
desenvolvido em França), tendo-se socorrido dos melhores especialistas
do Loire. Mas o que é, genericamente, a viticultura de precisão? É a
identificação, por métodos científicos, dos melhores talhões da vinha
e, em cada talhão, das melhores zonas para a produção de determinados
tipos de vinhos.

A Herdade do Peso (perto da Vidigueira), sendo a marca especialista da
Sogrape na produção de vinhos do Alentejo, é um dos locais onde esta
prática tem vindo a ser aplicada pelo enólogo Miguel Pessanha e pela
sua equipa, merecendo desde logo destaque o processo de microzonagem,
resultando daqui uma profunda caracterização da natureza dos solos da
Herdade. Depois de centenas de sondagens foi possível identificar uma
dúzia de diferentes tipos de solo que, com a ajuda da rega de precisão
(optimizando cada casta em função do tipo de vinho que se pretende) e
das estações metereológicas montadas no terreno, têm vindo a dar
excelentes vinhos.

Exemplo do êxito da aplicação destes novos métodos é o vinho de que
vamos falar hoje, o Herdade do Peso Colheita tinto 2009, produzido
apenas em anos de boa qualidade, tendo chegado ao mercado 60.000
garrafas. 2009 foi um ano extremamente seco, com temperaturas amenas
até Julho e aumentos a partir de Agosto, o que provocou um avanço
súbito da maturação, tendo a vindima sido antecipada 15 dias. O vinho
estagiou um ano em barricas usadas de carvalho francês e do Cáucaso,
chegando até nós com uma cor rubi com notas de violeta. As grandes
amplitudes térmicas registadas na herdade (com as suas noites muito
frescas) favoreceram o aroma que aqui é de frutos maduros e tabaco,
conjugado com notas florais e baunilha. Na boca revela grande volume e
tem taninos macios. O seu final é longo. Com um teor alcoólico de
14,5%, é indicado para acompanhamento de pratos de carne ou queijos
suaves, podendo também servir como excelente aperitivo. l

jmoroso@netcabo.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Opiniao/interior.aspx?content_id=47861

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