sexta-feira, 13 de abril de 2012

Gregory Jones: "Se a China começa a produzir bom vinho, muitas empresas vão sair do mercado"

O especialista norte-americano teme o impacto do vinho chinês e elogia
as castas e as condições do clima em Portugal

Exportação rende 670 milhões de euros
PEDRO ROSARIO
13/04/2012 | 17:04 | Dinheiro Vivo
Dentro de dez anos, a China será um importante player no mercado
vitivinícola internacional. O palpite é de Gregory Jones, professor do
Departamento de Estudos Ambientais da Southern Oregon University, em
Portugal para o seminário "Alterações Climáticas na Produção de Vinho"
organizado pela ADVID (Cluster dos Vinhos da Região do Douro).
"A questão essencial da China é que, se todas as pessoas começassem a
beber vinho, seria um mercado gigante. Têm muito potencial para
produzir uvas, aumentar a formação da população. A China vai ser um
grande player no mercado, dentro de dez anos. A questão maior é: se a
China começa a produzir bom vinho, se se tornam bons o suficiente,
haverá muitas empresas a sair do mercado, no negócio, a não aguentar.
É perigoso. Temos ainda algum tempo antes disso acontecer mas neste
momento muitos consumidores de vinho no mundo não veem ainda o vinho
chinês como um produto sério.", sublinha o especialista.

Gregory Jones estuda o clima e a influência que as alterações
climáticas têm na produção de vinho: o estudo da ADVID quis investigar
o impacto das alterações na região duriense, responsável por 50% das
exportações de vinhos portugueses.
Jones diz que Portugal, tal como o resto da Europa, tem do seu lado o
protecionismo às castas originárias desses países. No entanto, face ao
novo mundo, os produtores portugueses devem investir sobretudo na
investigação e desenvolvimento das técnicas de produção de uvas e de
vinho.
"A maior diferença é que, na Europa, a grande maioria da produção de
vinho é muito controlada e isso reporta para a perspectiva histórica,
nomeadamente no caso das castas Pinot Noir e Chardonnay. O controlo de
regulação é bom até certo ponto mas quando se trata de tornar um
produto bem sucedido num determinado mercado, deixa de ser. O que se
passa aqui é que, a Europa tem história. O Novo Mundo (Chile,
Argentina, Nova Zelândia) tem a vantagem de trabalhar no mercado
porque são adaptáveis a esse mercado.", analisa.
No caso do Vinho do Porto "há ainda mais margem para o produtor jogar
com a casta do vinho, há maior possibilidade de adaptação do que nos
vinhos secos", diz o especialista e professor.
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO041697.html?page=1

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