terça-feira, 22 de maio de 2012

Morangos e alfaces no lugar de flores

21 de Maio, 2012por Maria Francisca Seabra

@Francisco Caldeira Cabral
Os hortícolas estão a substituir as plantas tradicionais nos jardins.
Os portugueses cultivam-nos como se fossem flores em canteiros. Nascem
hortas ajardinadas, tal como acontece na paisagem francesa de
Villandry.
A inspiração chega de França, do vale do Loire, e é adoptada em
Portugal nas chamadas hortas ajardinadas. Tendo como exemplo os
jardins do castelo de Villandry, onde couves e flores convivem em
canteiros feitos de arbustos, os portugueses começam agora a cultivar
hortícolas ao lado de plantas tradicionais de jardim.


«Os hortícolas são mais baratos do que as plantas normais», diz Pedro
Pulido Valente, director comercial do Horto do Campo Grande, para
explicar o facto de, há um ano, não vender plantas para produção e de,
agora, ter as suas lojas carregadas de alfaces, couves, melão,
melancia, morangueiros, feijão e tomate. «Há uma procura enorme destes
alimentos para os colocarem em jardins. Talvez porque o seu
crescimento seja rápido. Por exemplo, em cinco ou seis semanas tem-se
uma alface grande e é possível conseguir uma produção quase em
contínuo».

Elsa Severino, arquitecta paisagista, considera que este aumento do
cultivo dos hortícolas é uma consequência da crise e de uma maior
disponibilidade das famílias, mas também da «mediatização das hortas
sociais». Hoje, pedem-lhe muitas vezes para idealizar hortas
desenhadas tal qual um jardim, onde cenouras, beterrabas, espinafres e
alcachofras crescem ao lado de bancos de pedra e pérgulas. Um pouco à
semelhança do que acontecia no tempo das quintas de recreio, onde
junto a fontes cresciam vinhas. E do que já acontecia Europa fora com
couves de tonalidades roxas a serem plantadas no mesmo local de
roseiras.

Para o desenho deste tipo de jardins há, porém, limitações «com
carácter de produção»: a rotação de culturas obriga a uma área
razoável de terreno, o solo deve ser uma mistura de areia, limo,
argila e húmus – de textura leve – e o espaço deve estar protegido dos
ventos de Norte e bem exposto ao sol.

Por isso é que Elsa Severino aconselha a plantar-se árvores de frutos
contra muros, em vedações ou sob a forma de palmeta para que as copas
não façam sombra sobre os canteiros – sejam as árvores limoeiros,
macieiras ou pereiras.



Morangos entre malaguetas

Nos frutos e nesta época do ano, são os morangueiros que mais se
vendem no Horto do Campo Grande. Pedro Pulido Valente conta que a
venda está muito acima das aromáticas. Mas estes dois tipos de plantas
não têm de ser 'inimigos'. A arquitecta paisagista Elsa Severino dá
conta de terrenos onde morangueiros e framboeseiros crescem, lado a
lado, com condimentares, como malaguetas.

Nestes jardins, as variantes de cor assemelham-se aos campos
holandeses de tulipas – parcelas de morangos alternam com outras de
malaguetas vermelhas e amarelas. Nas extremidades, surge o lilás dos
canteiros de alfazemas.

Tudo isto só é possível numa zona com água em abundância. Só assim se
poderá ver crescer alho-francês ou couves-de-bruxelas junto a alfaces.
Aliás, se em França são as couves que mais se destacam na paisagem, em
Portugal a opção vai para a verdura mais usada em saladas.

Aqui, o tempo é mais quente e, com o calor, as alfaces crescem mais
facilmente. No negócio de Pedro Pulido Valente são o hortícola mais
vendido. «Estão no topo».

francisca.seabra@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=49956

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