quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nova Zelândia quer reduzir o gás metano nas flatulências das ovelhas

HOJE às 13:390


inSharePara reduzir as emissões de CO2 atribuídas ao gado, cientistas
neozelandeses estudam uma maneira de purificar as flatulências das
ovelhas, suprimindo o metano que os ovinos expelem para a atmosfera.
Os cientistas tentam principalmente compreender por que algumas
espécies poluem mais do que outras e se alguns regimes alimentares são
mais ecológicos.
«O aumento da atenção para as alterações climáticas e as novas
tecnologias permitem-nos esperar conseguir o que antes era
impossível», explicou Peter Janssen do Centro de Pesquisas sobre o Gás
com Efeito de Estufa de origem agrícola.
Num laboratório de Palmerston North, na ilha do Norte do arquipélago
neozelandês, os animais são fechados durante dois dias, um por um, em
caixas herméticas onde há filtros que medem a frequência das suas
flatulências e os seus conteúdos.

Os cientistas esperam, graças à genética, poder elaborar uma vacina
que impedirá os ruminantes de gerar gás metano (CH4), uma hipótese
possível dentro dos próximos 15 anos.
«Agora podemos identificar esses organismos e designá-los
especificamente para trabalhar em vacinas a partir de moléculas
inibidoras que atacam apenas os micróbios que produzem o metano»,
explicou Peter Janssen.
Os ruminantes digerem os alimentos parcialmente, fazendo-os fermentar
no estômago antes de devolvê-lo - junto com uma importante quantidade
de metano - para poder mastigá-lo mais facilmente.
As Nações Unidas estimam que 18% das emissões com efeito de estufa no
mundo devem-se ao gado. Mas a proporção é claramente mais elevada - na
ordem de 50% - na Nova Zelândia, onde pastam 35 milhões de ovelhas e
oito milhões de vacas.
O arquipélago investe 50 milhões de dólares neozelandeses (30,8
milhões de euros) num programa de redução das emissões poluentes de
origem agrícola.
Os agricultores, antes alheios aos problemas ecológicos, agora estão
associados a estes trabalhos.
Em 2003, o governo criou um imposto para favorecer a investigação
científica, mas teve de voltar atrás face à pressão dos agricultores
denunciando «o imposto dos peidos» (apesar de 90% das emissões, na
realidade, serem oriundas de arrotos).
«Nem mesmo o grande público havia compreendido. Na Nova Zelândia é
provavelmente justo dizer que somos cépticos em relação às alterações
climáticas», admitiu Rick Pridmore, director de desenvolvimento
sustentável da Federação de Produtores de Leite.
«Mas isso mudou nos últimos cinco anos. Acho que agora os agricultores
chegaram a um acordo», acrescentou.
A vacina poderá melhorar as capacidades digestivas dos animais, e
reduzir assim as suas rações alimentares.
O metano (CH4) é emitido pelas zonas húmidas, a extracção do carvão, a
indústria do gás e do petróleo, as flatulências dos ruminantes e a
decomposição dos dejectos orgânicos nos aterros.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=570884

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