sexta-feira, 4 de maio de 2012

O fim do porco alentejano?

VISÃO 1000

Os dados indiciam que sim. A rentabilidade negativa desde 2007 levou a
uma taxa elevada de abandono da atividade. VEJA AS FOTOS
Susana Lopes Faustino (texto) Luís Barra (fotos)
17:14 Quinta feira, 3 de Mai de 2012

A crise chega a todos, e nem um produto de excelência e único como é o
porco alentejano, comummente designado de porco preto, escapa a este
cenário. Se, há uns anos, facilmente se encontravam explorações com
centenas de porcos, agora o cenário é outro... ficaram os resistentes.
É o caso de João Rosado, um jovem criador de porcos alentejanos, que,
apesar de ter apenas 30 anos se dedica há mais de uma década a esta
atividade. "Quando comecei, o negócio ainda era rentável!", diz-nos
sorrindo.
É numa pastagem por ele comprada, perto da sua propriedade em
Evoramonte, que encontramos cerca de centena e meia de porcos do seu
efetivo de 1 300. João ainda tem 120 mães - as chamadas porcas
reprodutoras -, mas é precisamente neste fator que chega o primeiro
indicador alarmante. O secretário-geral da ANCPA - Associação Nacional
dos Criadores do Porco Alentejano, Pedro Bento - também presente nesta
visita - dá-nos os dados: "Neste momento, existem 6 mil reprodutoras,
o que quer dizer que a raça está ameaçada a curto prazo. Oficialmente,
com menos de 5 mil, fica considerada muito ameaçada. Isto põe em causa
a preservação de uma raça nacional autóctone e do seu património
genético." O cenário resulta do aumento dos custos de produção, da
crise no consumo - principalmente de produtos de qualidade como é o
caso do porco alentejano e seus derivados - e da falta de fiscalização
no que diz respeito à origem do que chega ao mercado. Há muita carne
nas prateleiras com menor qualidade e com a designação de porco preto.
E ouve-se mais um desabafo de João Rosado: "Há regras, para os
produtores, que são muito apertadas e desnecessárias mas, no que é
importante, como a fiscalização, ninguém atua." Quando questionados
sobre que medidas se deveriam tomar para inverter este processo, as
respostas saem rápidas: atuar a nível do mercado para valorizar o que
se produz, melhorar a eficiência das explorações - produzir mais e
melhor -, baixar os custos de produção e, da parte da tutela, uma
norma nacional que regulamente a comercialização do produto e
respetiva designação.

http://visao.sapo.pt/o-fim-do-porco-alentejano=f662271#ixzz1tsoYYHfP

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