sábado, 16 de junho de 2012

Abaixo a "ditadura" dos grupos de Hipermercados !

OPINIÃO


João Dinis



Os grandes grupos de Hipermercados exercem, impunemente, um autêntica
ditadura sobre Fornecedores e Consumidores, sobre a Concorrência e
também já sobre os Contribuintes em geral.

Para isso recorrem a uma esmagadora bateria de "instrumentos" tais como:

As "marcas brancas" (marcas próprias) dos Hipermercados; as muito
numerosas e grandes unidades comerciais; o vasto e quase incontrolável
leque de produtos que são comercializados por cada uma de per si e por
todas as grandes cadeias de comercialização; os baixos preços à
Produção e os prazos alargados de pagamento e outras exigências aos
Fornecedores; os "descontos" aos Fornecedores a pretexto de tudo e de
mais alguma coisa; as "campanhas de promoção" e os "saldos"; as
actividades parabancárias e especulativas com os "cartões de
créditos"; a prestação simultânea de múltiplos serviços.


Para isso, têm contado com a cumplicidade dos sucessivos Governos e
respectivas maiorias legislativas na Assembleia da República.
Lembremos que o Poder Político dominante permitiu e incentivou a
construção indiscriminada e antidemocrática ( passou por cima das
disposições municipais em contrário ) dos grandes espaços comerciais.

Em Portugal, dois grandes grupos de cadeias de Hipermercados
hegemonizam e tendem para esmagar toda a concorrência e a Produção
Nacional. Pois apesar disso, este Governo e a maioria partidária que
aprovou a nova Lei da Concorrência na Assembleia da República fizeram
de conta que não está a acontecer, no nosso País, essa posição
hegemónica que impõe o domínio monopolista na distribuição e na
comercialização…

Até quando continuará este regabofe ?

Entretanto, detenhamo-nos um pouco sobre a perversão provocada pelo
uso e abuso das "marcas brancas", e tal como a CNA já caracterizou no
âmbito da PARCA, Plataforma de Acompanhamento das Relações da Cadeia
Alimentar:

"Em última análise, as ´marcas brancas´ também consubstanciam uma
verdadeira espoliação de direitos (incluindo direitos de propriedade
intelectual) e de margens financeiras aos fornecedores:- impondo a
´marca branca´ aos produtos que entende, a grande cadeia de
comercialização outorga-se, sem qualquer legitimidade, à categoria de
´co-produtora´ ou ´co-transformadora´ desses mesmos produtos e disso
também obtém dividendos promocionais e financeiros; impondo a ´marca
branca´ aos produtos que previamente escolhe - e por óbvia
conveniência - a grande cadeia de comercialização condiciona e
praticamente elimina o direito à primeira e mais livre escolha por
parte do Consumidor, também ele já muito condicionado pelo baixo poder
de compra e pelo fraco nível de informação de que dispõe".

Uma outra consequência da actividade predadora dos Hipermercados são
as Importações desnecessárias - nomeadamente em bens ago-alimentares -
as quais muito têm contribuído para o agravamentos do défice alimentar
e do défice da balança comercial de Portugal, bem como para a
degradação da qualidade alimentar das Populações.

É pois necessário que Governo e Assembleia da República - e
urgentemente - regulem pela via legislativa, e depois fiscalizem a
sério, a actividade comercial dos grandes grupos de Hipermercados !

Entretanto, um desses grandes grupos de Hipermercados "co-produziu",
desta vez no Terreiro do Paço, em Lisboa (16 de Junho), mais um
"espectáculo de rua" ilusoriamente promotor da produção nacional de
"terra e mar" como foi publicitado.

Uma "co-produção" foi pois também juntou, por exemplo, a Câmara
Municipal de Lisboa e a RTP, desconhecendo-se as condições assumidas,
entre as partes, para pagar a montagem desse "espectáculo". Mas, tendo
em conta antecedentes, que para isso se preparem os Fornecedores dos
Produtos e, nós todos, os Contribuintes. Afinal, a Câmara Municipal de
Lisboa e a RTP (ainda) são entidades públicas financiadas com o
dinheirinho dos nossos impostos… Ah! E estamos em crer que esse mesmo
grande grupo de Hipermercados não paga, cá em Portugal, todos os
impostos que cá devia pagar…

João Dinis

http://www.agroportal.pt/a/2012/jdinis4.htm

1 comentário:

Anónimo disse...

Seu discurso aponta os erros mas não as soluções.
Tudo começa errado por não termos Governos competentes e interessados em defender Portugal. Vão acumulando decisões carregadas de ignorâcia e interesses pessoais como é comum aos funcionários públicos de quase todo o mundo.
E isso não resolve o seu choro de jeito nenhum. Choro que mais parece uma reinvidicação de uma igual proteção privilegiada egual á que condena nos espertos que levam vantagem hoje como as cadeias de supermercados.
Saiba que esses que hoje estão "lá em cima" já foram pequenos. E mercê de praticas não consentâneas com a moralidade que defendemos, chegaram onde hoje estão morrendo de medo ante o surgimento de outros espertos que os vençam nessa guerra de hegemonia comercial.
Pode-se esfarrapar todo com argumentos que eles não o tirarão da situação em que se encontra se não usar a inteligência e exercitar medidas trabalhosas que alterarão o paradigma que não é favorável a quem hoje é pagante de tudo, seja para os mercados, seja para os governos seja para os funcionários públicos que tão fielmente gerem as medidas que os asfixiam.
Prepare-se para criar soluções competitivas e não subsidiadas, seja solidário com ideais elevados e defenda o seu consumidor com productos de qualidade a baixo preço, com fornecimentos em quantidade e assiduidade. Faça melhor que o Belmiro e melhor que o J. Martins e verá que eles saem do seu caminho.
Agora, reclamar e nada fazer a mais... só milagre mesmo.

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