sexta-feira, 1 de junho de 2012

Agricultores não fazem repercutir custos de produção no preço

Lusa
31 Mai, 2012, 08:34

Os agricultores não conseguem fazer repercutir nos preços de venda o
aumento dos custos à produção, revela a primeira publicação sobre
Evolução dos Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar, hoje
divulgada, aspeto também realçado pelo Secretário de Estado da
Agricultura.
Segundo disse à Lusa o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo
Albuquerque, este relatório, que se baseia nos índices de preços de
bens alimentares, mostra que "os preços na produção e no retalho têm
evoluído de forma simétrica a nível genérico", ou seja, "quando [os
preços] crescem no supermercado, crescem no produtor e quando descem
no supermercado descem no produtor".

No entanto, adiantou o governante, as conclusões também indicam a
incapacidade dos agricultores para conseguirem refletir no momento da
venda a subida dos custos da produção.

"Verifica-se que os preços dos alimentos têm aumentado a um ritmo
menor do que os custos de produção, que têm aumentado a um ritmo mais
rápido, o que também tem a ver com o preço da energia", explicou José
Diogo Albuquerque.

Uma conclusão, adianta, que está em linha com a análise da Autoridade
da Concorrência, que considera que os contratos celebrados entre
distribuidores e fornecedores revelaram "um desequilíbrio negocial
entre as duas partes, com preponderância para os primeiros".

O estudo indica também que os preços dos bens alimentares tem vindo a
crescer, desde 2009, a "um ritmo inferior à inflação", disse o
secretário de Estado.

"Isto revela a importância que os bens alimentares têm tido na
contenção geral dos preços ao consumidor, o que é conseguido com o
sacrifício do rendimento agricultores", considerou.

Este estudo surge no seguimento da criação da Plataforma de
Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), em finais
de 2011, enquanto organismo tutelado pelo Ministério da Agricultura
para reforçar a transparência na cadeia alimentar.

Os parceiros desta plataforma são CAP (Confederação dos Agricultores
de Portugal), FIPA (Federação das Indústrias Portuguesas
Agro-Alimentares), a CENTROMARCA (Associação Portuguesa de Empresas de
Produtos de Marca),a CIP (Confederação Empresarial de Portugal), a
APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição) e a
Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Tendo em conta as orientações desta plataforma, está desde hoje
disponível (nos portais do Ministério da Agricultura e do Gabinete de
Planeamento e Políticas) a primeira publicação trimestral Evolução dos
Preços na Cadeia de Abastecimento Alimentar, da responsabilidade do
Gabinete de Planeamento e Políticas em colaboração com a Direção-Geral
das Atividades Económicas.

De acordo com o secretário de estado da Agricultura, este relatório é
ainda "relativamente genérico", mas a próxima publicação, em julho ou
agosto, já será mais específica, dando a conhecer os preços no
produtor e no retalho de cinco tipos de produtos: azeite, arroz,
frutas e hortícolas, carne e leite.

"Posteriormente, vamos trabalhar mais com o INE [Instituto Nacional de
Estatística] e com as organizações para termos mais informações em
termos de margens", adiantou o governante.

Questionado sobre se o Governo vai propor alterações de legislação
para promover relações mais justas entre produção e distribuição, José
Diogo Albuquerque disse que tanto o ministérios da Agricultura como da
Economia estão a analisar os contributos de melhoria das organizações
parceiras da PARCA, para que mais tarde sejam tomadas decisões
legislativas.

Já para outubro, o Governo vai avançar -- em linha com a possibilidade
aberta pela Comissão Europeia - com "contratos obrigatórios entre a
produção e a indústria" no leite.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=558546&tm=6&layout=121&visual=49

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