quarta-feira, 6 de junho de 2012

Alterações climáticas podem custar à América Latina 80 mil milhões por ano

05.06.2012
PÚBLICO

Os danos causados pelas alterações climáticas podem custar aos países
da América Latina e das Caraíbas mais de 80 mil milhões de euros por
ano em 2050, se as temperaturas médias subirem dois graus Celsius em
relação aos valores registados antes da Revolução Industrial.

Segundo um novo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), a região é responsável por apenas 11 por cento das emissões
globais de gases com efeito de estufa, mas é considerada
particularmente vulnerável aos impactos das alterações climáticas,
devido à sua localização geográfica e dependência de recursos
naturais. A instituição divulgou este relatório a duas semanas da
realização da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20,
que vai decorrer no Brasil entre os dias 20 e 22 de Junho.


O colapso dos recifes de coral nas Caraíbas, o desaparecimento de
alguns glaciares nos Andes e a transformação de parte da floresta
amazónica em savana são algumas das consequências das alterações
climáticas destacadas no relatório.

Por exemplo, as perdas nas exportações agrícolas na região da América
Latina e nas Caraíbas devido às alterações climáticas podem cifrar-se
entre os 24 mil milhões de euros e os 41 mil milhões de euros dentro
de 40 anos.

"Perdas desta grandeza podem limitar as opções de desenvolvimento e o
acesso a recursos naturais e a serviços do ecossistema", lê-se no
relatório. Mas o banco de desenvolvimento salienta que o custo da
ajuda para que os países se adaptem aos efeitos das alterações
climáticas seria menor do que os custos dos potenciais danos.

É necessário um maior esforço

Os países da América Latina têm sido bem sucedidos na redução da
emissão de gases com efeito de estufa, principalmente através de
políticas no uso das terras, como a redução de emissões relacionadas
com a desflorestação. Segundo o relatório do BID, as emissões da
região caíram 11% na primeira década deste século, para o equivalente
a 4,7 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono.

Mas, apesar dos progressos registados na preservação de terras
vulneráveis ao corte de árvores para agricultura ou para outros fins,
o banco frisa que os países da região têm de fazer mais esforços. É
expectável que em 2050 os sectores dos transportes e da energia tenham
aumentado as suas emissões em 50%, o que representaria o equivalente a
dois mil milhões de toneladas de dióxido de carbono na região. Estes
valores podem elevar o valor total de emissões na zona para o
equivalente a sete mil milhões de toneladas em 2050, ou dez toneladas
de dióxido de carbono por habitante. "A redução das emissões
resultantes do uso das terras será mais do que compensada pelos
aumentos de emissões de outros sectores", alerta o BID.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento considera que os países da
região devem apontar para um valor abaixo das duas toneladas de
emissões por habitante. Para alcançar este objectivo, a instituição
estima que seria necessário investir 88 mil milhões de euros, ou o
equivalente a 0,6% do produto interno bruto da América Latina em 2050.
O relatório conclui que "uma política rigorosa sobre o uso das terras
que tenha como objectivo eliminar as emissões até 2030, combinada com
esforços para eliminar a pegada de carbono nos sectores da energia e
dos transportes até 2050, juntamente com outras medidas, pode tornar
real o objectivo das duas toneladas de emissão por habitante."

http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1549041

Sem comentários:

Enviar um comentário