domingo, 15 de julho de 2012

Cortiça. Amorim recebe garrafa de champanhe que esteve 200 anos no mar Báltico

Por Agência Lusa, publicado em 14 Jul 2012 - 18:20 | Actualizado há 1
dia 16 minutos
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O governo da região autónoma finlandesa de Aland cedeu à Corticeira
Amorim, a título vitalício, uma das garrafas de champanhe que esteve
perdida no mar Báltico durante cerca de 200 anos, na sequência de um
naufrágio de um veleiro.

Estas garrafas foram depois recuperadas e vendidas a 30.000 euros cada.

O recipiente em questão integrava o lote de 168 garrafas de champanhe
e cerveja que, em julho de 2010, foram descobertas a 50 metros de
profundidade no interior de uma escuna – tipo de veleiro - naufragada
a sul do arquipélago de Aland e que seriam depois resgatadas com o
apoio técnico da corticeira portuguesa - cuja intervenção foi
recomendada pela Veuve Clicquot, uma das marcas de champanhe incluídas
no carregamento, juntamente com a Juglar e a Heidsieck.


Para Carlos de Jesus, diretor de Marketing e Comunicação da Amorim, o
gesto do governo de Aland "é o reconhecimento do 'know-how' da
empresa" e a garrafa em si mesma é "história líquida, em ótimo estado
de conservação", na medida em que os indícios recolhidos no naufrágio
apontam no sentido de esses recipientes terem sido fabricados entre
1800 e 1830.

"Estamos a falar de garrafas de champanhe que são das mais antigas do
mundo", realça o responsável da corticeira. "E não é só o objeto de
vidro que é um achado, porque os especialistas já validaram o estado
de conservação e a qualidade do próprio champanhe - para o que terá
contribuído, obviamente, a sua preservação em condições quase ideais
de pressão, baixa temperatura e pouca luminosidade".

As provas sensoriais fizeram-se com o conteúdo de um número restrito
de garrafas, sendo que é uma dessas a que agora está entregue, vazia,
aos cuidados da Amorim. "É um privilégio enorme, terem-no cedido este
exemplar, considerando que puseram as garrafas à venda a 30.000 euros
cada e devolveram algumas ao mar Báltico, enterrando-as numa
localização que não foi divulgada", declara Carlos de Jesus.

"Esta vai continuar a ser uma história cheia de segredos", acrescenta
o responsável da corticeira, que já desenvolveu uma teoria pessoal
sobre a garrafeira da escuna naufragada: "Se, hoje, o champanhe é um
produto acessível mas, no caso destas marcas, ainda é considerado um
produto de luxo, há 200 anos atrás este lote de garrafas constituía
uma carga ainda mais valiosa, preciosíssima, pelo que o mais provável
é que se dirigisse a um destinatário com elevado poder de compra,
eventualmente o czar da Rússia".

Certo é que os recipientes descobertos no Báltico estavam selados por
rolhas de cortiça e que, quando a primeira garrafa chegou à
superfície, a mudança de pressão atmosférica levou o vedante a
deslizar automaticamente até se libertar do vidro.

"Houve então a necessidade de substituir todas as rolhas das
garrafas", explica o diretor de Marketing da Amorim, "mas ninguém
sabia em que condições estava a cortiça original, qual a dimensão do
'bottle neck' [gargalo] ou se o vidro conseguiria resistir ao
arrolhamento - já para não referir uma série de outras coisas que
podiam correr mal".

A primeira medida adotada foi a produção individual de 168 rolhas que,
ao contrário do que é prática na atualidade, foram fabricadas numa
única qualidade de cortiça, para a rigorosa reprodução das condições
do engarrafamento original.

A Amorim disponibilizou depois aos técnicos responsáveis pela
substituição desses vedantes uma arrolhadora de prensa manual
portátil, com a qual a operação foi concretizada "em pleno alto mar",
em condições que procuraram reproduzir o ambiente em que as garrafas
se encontravam a 50 metros de profundidade.

"Por sorte, não houve nada que corresse mal", confessa Carlos de
Jesus. "Tínhamos em mãos uma tarefa cheia de incógnitas, adaptámo-nos
às circunstâncias e a cortiça portuguesa faz agora parte de uma
história que irá continuar a alimentar a imaginação de muita gente".

http://www.ionline.pt/portugal/cortica-amorim-recebe-garrafa-champanhe-esteve-200-anos-no-mar-baltico

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