terça-feira, 24 de julho de 2012

Fazer mais com menos! *

OPINIÃO

Luís Bulhão Martins


O ano de 2012 tem sido marcado por uma das mais rigorosas secas dos
últimos 100 anos, que seriamente prejudicou, não só as culturas de
Inverno, como também o cultivo de milho em vastas áreas do território
nacional.

Se não fossem as novas áreas regadas de Alqueva, teríamos seguramente
um decréscimo da produção portuguesa de milho por força da regressão
nas superfícies semeadas nas zonas tradicionais.

Face à ocorrência, cada vez mais frequente destes eventos climáticos
extremos e da maior vulnerabilidade dos sistemas de agricultura, hoje
em dia praticados, a defesa do regadio deve ser estratégia prioritária
tendo em vista o aumento do grau de auto abastecimento em cereais, a
redução do deficit da balança comercial e a criação de mecanismos de
adaptação aos cenários das alterações climáticas com que nos
defrontamos.


Neste domínio, os produtores de milho portugueses registam, desde há
muito, níveis elevados de desempenho, quer pela promoção do
aparecimento e viabilização de novas áreas regadas como pela constante
introdução de tecnologia tendente ao uso mais eficiente da água. O
progresso tecnológico cifra-se não só pelo ritmo de aumento da
produtividade, a rondar os 200 kg por hectare e por ano nos últimos 30
anos, mas também por uma notável preocupação ao nível do uso eficiente
dos recursos, entre os quais a água.

Fazer mais com menos, tem sido a realidade se analisarmos a evolução
do quadro em que se realiza a cultura do milho entre nós.

A ANPROMIS tem dinamizado a adopção constante no sector destas
posturas mais inovadoras e promovido a sua divulgação.

Ainda recentemente, voltou a estar connosco e a trabalhar com mais de
uma centena de técnicos e profissionais, no Alentejo e Ribatejo, ao
longo de 4 dias, o Sr. Albert Porte Laborde, um dos mais conceituados
especialistas da cultura do milho.

Por outro lado, em relação ao uso eficiente da água não posso deixar
de realçar o "Boletim das necessidades de rega para o milho" que, no
âmbito duma medida do Proder, a ANPROMIS começou a divulgar em 2010 e
que conta, actualmente, com 220 agricultores subscritores.

O sucesso deste esforço de crescimento, modernização e ganho de
competitividade, que o sector tem vindo a registar, necessita de
continuidade. O seu desenvolvimento é de interesse nacional e carece
de enquadramento em programas de investimento bem apoiados e de acesso
mais facilitado.

O Proder, a cerca de um ano do final, arrisca a um não integral
aproveitamento dos envelopes financeiros consagrados aos agricultores
portugueses. Tememos, por razões que nos são alheias, uma execução
financeira deficiente no principal instrumento de apoio à modernização
das nossas explorações e de toda a fileira do milho.

É inaceitável um desfecho destes num cenário de tão fortes carências e
em que os produtores de milho já repetidamente manifestaram mais que
suficiente capacidade para promoverem a devida rentabilidade económica
e social na utilização destes fundos.

Luís Bulhão Martins
Director da ANPROMIS

(*) Artigo publicado como Editorial do boletim "Informação ANPROMIS" de Julho


http://www.agroportal.pt/a/2012/lbmartins.htm

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