sábado, 11 de agosto de 2012

Agricultura culpada de incêndios florestais?

FENAFLORESTA

A falta de ordenamento florestal é evidente. Desde 1147 que Portugal é
constantemente fustigado por incêndios durante o Verão. Uns anos mais,
outros anos menos.

Os governos, os ministros, os secretários de estado mudam
ciclicamente, e é sempre fácil culpar e ridicularizar-se os sucessivos
governos, quando a questão de fundo é o ordenamento florestal. Nos
últimos 10 anos, segundo os dados do Instituto de Conservação da
Natureza e das Florestas (ICNF), a média de ocorrências de incêndios é
de 11.313.

A média anual de área ardida é 47.101 hectares (ha), onde este ano já
passamos os 67 mil hectares. As metas do Plano Nacional de Defesa da
Floresta Contra Incêndios eram clara, eliminar incêndios com mais de
1000 ha, e este ano, até 31 de Julho de 2012, já ocorreram 3
incêndios, tendo um deles passado os 21 mil ha, em Tavira.

A Fenafloresta, única representante do sector cooperativo nacional,
sempre pautou a sua existência por uma preocupação real e urgente, na
luta contra incêndios, através da constituição de equipas de sapadores
florestais, na limpezas de faixas de gestão de combustível, e através
de ações de sensibilização, mesmo quando não há financiamento, como
este ano.

Tem-se comentado e escrito que o desvio de fundos da floresta para a
agricultura é a causa de incêndios. Nada mais incorrecto. Conforme a
gestora do programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) afirmou
recentemente, há dinheiro para as medidas florestais. Parte do
dinheiro foi transferida, sim, devido à inadequação das medidas, e
acima de tudo, devido à falta de concessão de crédito da banca aos
produtores florestais, pois as principais medidas só eram
comparticipadas em 60 ou 75 por cento.

A FENAFLORESTA defende que se deveria apostar mais na agricultura, ao
mesmo tempo que se investe na floresta! Temos de caminhar de braço
dado. Só com uma aposta na agricultura, séria e competente, se povoa o
interior, se desenvolve o meio rural, se ordena a floresta, e acima de
tudo, se gere a floresta com mais assiduidade. Não podemos continuar a
falhar na estratégia e nas políticas a seguir.

Não podemos continuar a apostar em pagamentos aos agricultores para
não produzirem, nem apoiar florestação de terras de aptidão agrícola!
É urgente apoiar, apostar, incentivar a agricultura, simultaneamente
reordenando os espaços florestais, plantando mais, onde não é possível
investir na agricultura.

A descontinuidade dos espaços florestais tem de ser uma exigência na
política nacional. Acreditamos que só com uma política integrada a
nível florestal e agrícola podemos diminuir as ignições e a área
ardida.

As causas dos incêndios florestais são diversas, mas a falta de
ordenamento florestal e os apoios estocásticos em Portugal acreditamos
serem a sua principal causa. Importa agora inverter o caminho,
preparar o futuro. A nova lei de arborização e rearborização é válida
mas deverá ser publicada ao mesmo tempo que as metas dos planos
regionais de ordenamento florestal, definindo-se uma zonagem nacional
séria e integrada, onde se defina a área florestal, agrícola e urbana,
pois só assim podemos construir um território menos susceptível a
incêndios com grandes proporções.

http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2012/08/10c.htm

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